A Vocação do Vicentino em tempos de Intolerância, desigualdade e Luta social
Já estamos quase encerrando o ano e precisamos lançar um olhar sobre nossa caminhada até aqui, como pessoa e também como vicentinos. Refletir se colocamos em ação efetiva as propostas, projetos, as nossas ações que tem raiz sólida a partir da espiritualidade de São Vicente de Paulo. Sem sombra de dúvidas vivemos em tempos sombrios. Tempos de dúvida, de uma realidade marcada pela desigualdade, injustiça, por discursos de ódio e intolerância. Lutar pela vida se tornou uma realidade quase que heroica e admirável. A intolerância toma conta em nossa esfera social e ganha força a cada dia. E aqui abrimos um leque com vários pontos em que encontramos a intolerância muito presente. Importante relembrar a definição sobre o conceito de intolerância: ousamos definir como movimento de ódio ou repulsa. Movido pelo ódio o indivíduo por hora exclui o outro, ignora o posicionamento por muitas vezes diverso, podendo gerar atitudes de morte.
Elencamos alguns movimentos da intolerância.
Intolerância Religiosa: é a discriminação e preconceito em relação a pessoas que expressam uma religião diferente do outro.
Intolerância Política: é o fato de desrespeitar e oprimir o outro pela opinião diversa dele em relação a escolha político-partidária.
Intolerância frente à orientação sexual: é o fato de não aceitar as diferenças em relação à opção sexual que o outro fez. Conhecido também como homofobia destaca-se pelo fato de não respeitar às diferenças ideológicas.
Intolerância de raça ou cor: é o fato de descriminar o outro pela cor ou por sua raça, o distinguindo dos demais na sociedade, inferiorizando.
Como Vicentinos podemos nos perguntar: a partir de uma espiritualidade tão rica e tão efetiva, como podemos nos movimentar na contramão para a transformação da sociedade, que ela de fato seja mais humana, sensível e atenta às necessidades dos irmãos?
A partir desta pergunta lançamos um olhar em Vicente de Paulo e todos aqueles que se puseram a caminho neste jeito de ser Igreja, de ser pessoa, estes fizeram uma profunda experiência de encontrar Cristo naquele que sofre. E nesta experiência sobressai o respeito e a misericórdia frente a pluralidade. Muitas vezes nossa humanidade nos impede de uma aproximação ativa e efetiva daqueles que sofrem, dos que são excluídos, daqueles que recebem olhares carregados de ódio e preconceito.
Acredito firmemente que aquele que bebe da fonte vicentina não pode estar comungando de opiniões que excluem e se fecham frente às mais variadas formas de pobreza no hoje da vida. E tendemos a reduzir pobreza à somente à falta de alimento, roupas, moradia. Precisamos ampliar o que temos em mente e coração e perceber que há pobrezas que vão além. Pobrezas que excluem, fecham, oprimem e que podem matar. O Vicentino, a Vicentina precisa ser um promotor da vida, sendo um Agente transformador que em meio a uma pedagogia da indiferença e exclusão precisa ser um impulsionador e motivador.
Precisamos, como sujeitos da caridade, agentes do amor efetivo, desenvolver possibilidades e meios para uma transformação da sociedade. Não podemos nos satisfazer somente com as visitas aos assistidos, a dar alimentos, a fazer entrega de roupas e medicamentos, mas nos lançar em um movimento de olhar quem sofre e perceber que além do que podemos ajudar no efetivo da vida, perceber que o outro precisa de nossa atenção, respeito e amor, características que perdem forças em nossos dias. Poderíamos lembrar São Vicente a uma irmã da caridade: “Só por teu amor, somente por teu amor, os pobres perdoarão o prato de sopa que o dá”.
Peçamos a São Vicente de Paulo que nos ajude com o seu exemplo missionário a seguir em sua espiritualidade com coragem, sensibilidade, respeito, empatia e principalmente amor. Movidos pelo amor, seremos realmente sinais de Jesus Cristo que veio ao mundo para Evangelizar os pobres. Cabe a cada um de nós promovermos o respeito em nossos grupos e na sociedade: aspecto primordial para a construção de uma realidade mais humana e fraterna para todos.
Seminarista Leonardo Paredes de Almeida
Congregação da Missão