Tema da Campanha da Fraternidade 2023 é “Dai-lhes vós mesmos de comer”
A Igreja no Brasil celebra, desde 1961, durante a Quaresma, a Campanha da Fraternidade. Para o ano de 2023 o tema será: “Fraternidade e Fome” e o lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). Mas, qual a importância dessa campanha para nós vicentinos?
O Tempo Quaresmal nos convida à conversão. Tal atitude não pode ser superficial e estética, mas sim, profunda e estrutural. O profeta Joel nos ajuda a compreender a necessidade de uma verdadeira conversão quando diz: “rasgai o coração e não as vestes” (Jl 2,13). Uma conversão integral se dá em três âmbitos, a saber: pessoal, eclesial, social;
Em âmbito pessoal, a partir do encontro com Jesus, somos convidados a estabelecer uma relação de amizade com Ele: “eu vos chamo de amigos” (Jo 15,15). Nesta relação é necessário se abrir e acolher sua identidade, para aprendermos a responder quem é Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,13). A partir do conhecimento da pessoa de Jesus a conversão se dá na nossa configuração a Ele: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Jesus” (Fl 2,5).
Em âmbito eclesial, nossa Igreja, nossas Comunidades Eclesiais Missionárias (CEMs), a Família Vicentina, cada Conferência de São Vicente, somos chamados, neste Tempo Quaresmal, a tomar consciência de uma verdade: “Somos povos santo e pecador”. Somos santos porque nascemos do querer de Deus, porque Ele nos reúne em seu amor. Somos santos na medida em que as diferenças vão sendo vencidas e, na força do Evangelho, vamos vivendo os valores do Reino. Somos pecadores quando não fazemos de Jesus o centro da nossa fé. Quando o nosso querer se impõe sobre a criatividade do Espírito, quando as nossas comunidades não dão testemunho de Jesus, quando nos esquecemos do nosso compromisso com os pobres.
Em âmbito social, a Campanha da Fraternidade é um meio eficiente para nos ajudar neste nosso processo de conversão. Sabemos dos grandes dramas sociais do nosso país. Reconhecemos que a pobreza tem aumentado e que o rosto dos pobres tem diversas facetas. Precisamos, também, nos converter. Não basta mantermos um assistencialismo conservador, o de apenas dar uma cesta básica todo mês. É preciso abraçar a metodologia da Mudança Sistêmica/Estrutura. Conseguiremos uma conversão nesse nível quando fortalecermos nossa democracia, participarmos das instâncias governamentais, fortalecermos as instituições, lutarmos por políticas públicas que fazem do pobre sujeito e cidadão.
“Eis o tempo de conversão, eis o dia da Salvação. Ao Pai voltemos e junto cantemos: eis o tempo de conversão”. Assumamos este Caminho Quaresmal, iluminados pela vivência da nossa fé. Pela Campanha da Fraternidade e por nosso Carisma Vicentino, sejamos santos e santas, capazes de testemunharmos a Jesus Cristo e de amar os pobres com “a força de nossos braços e o suor de nosso rosto”.