São João Paulo II e sua herança para os jovens de hoje
Muito se fala sobre conflitos de gerações e de como nascer em um período histórico específico influencia a vida de qualquer pessoa. Uma geração é influenciada por fatos e acontecimentos, mas, principalmente, por pessoas. Uma grande figura, cheia de carisma e popularidade, pode levar uma multidão de pessoas a uma nova forma de pensar, de agir, de ver o mundo. Existe uma geração marcada pela vida de um grande homem, por isso, uma geração que ganhou um nome: “geração João Paulo II”, o Papa que conquistou o coração de católicos e não católicos em todo o mundo.
Poderíamos questionar o que o Papa João Paulo II fez para marcar uma geração. Como um homem idoso e com uma saúde tão debilitada influenciou uma geração inteira de homens e mulheres? Talvez as nossas perguntas estejam mal formuladas. Não adianta pensar no que ele fez ou como ele fez, mas é preciso observar o que ele foi.
João Paulo II foi um defensor incansável da Verdade. Não de uma verdade para um grupo religioso, mas da grande Verdade, buscada por toda a humanidade, mesmo que de formas diferentes e até mesmo preocupantes. Foi firme, defendendo a Verdade com a vida, para assim defender o homem dele mesmo. Por isso foi acusado e tachado de tantos rótulos, mas, ao mesmo tempo, suas palavras eram aguardadas e ouvidas atentamente por todo o mundo, como que expressando o desejo oculto e presente em todos da Verdade.
Da mesma forma foi um homem de unidade. Karol Wojtyla foi capaz de reunir amigos, inimigos, credos, raças, nações. Ele era uma “ponte viva”, incansável em ligar distâncias humanas, mas, acima de tudo, em ligar corações. Para isso não teve medo de reconhecer os erros dos filhos da Igreja e de pedir perdão publicamente. Uniu cristãos e não cristãos em torno dos mesmos ideais, para demonstrar em fatos que os laços que nos unem são muito maiores que os que nos separam.
Foi um homem jovem, cheio de alegria, motivado pela certeza de que um mundo melhor é possível, mas antes de tudo pela esperança de um mundo novo que virá. Por esse motivo atraiu uma multidão de jovens em todos os lugares por que passou, dando a eles a certeza de que há uma Verdade para ser vivida e seguida. João Paulo II, mesmo com o corpo curvado e os cabelos brancos, devolveu a esperança a tantos jovens de que vale a pena viver se essa vida for vivida em vista do que virá.
Mas João Paulo II foi antes de qualquer coisa um homem de verdade. Não teve medo de demonstrar sua fragilidade, sua dor, seu sofrimento ao mundo inteiro. Tampouco teve medo de se alegrar, de chorar, de demonstrar que o papado não tirou a sua humanidade; pelo contrário, o tornou ainda mais homem. Mostrou ao mundo seu amor pelas artes, pelos esportes, pelas nações, pelos povos, pela humanidade. Por isso lutou pela paz, pela liberdade, pela dignidade do homem; lutou para que a humanidade conhecesse a Verdade, para que conhecesse a Jesus Cristo, porque sabia que só dessa forma o homem poderia encontrar a verdadeira felicidade.
Por fim, por ser um homem de verdade, João Paulo II foi um grande santo do nosso tempo. A santidade que ele pregou como vocação de toda a humanidade não parou nas suas palavras aos outros, mas foi se traduzindo em sua vida, contagiando multidões, levando muitos de volta a uma vida nova, cheia da presença de Deus. Seu testemunho de santidade rompeu os “muros” da Igreja Católica e atingiu o mundo, que representado na Praça de São Pedro, nos dias de seu funeral, gritava: “Santo já!”. Nele a santidade se mostrou acessível a todos os que se abrissem à graça de Deus e por ela lutassem
Poderíamos escrever muito mais sobre o Papa mais popular da história, mas o que está aqui já é o suficiente para entendermos por que ele marcou uma geração inteira. O exemplo foi deixado por ele para nós como uma herança sem tamanho. Sua vida encarnou não somente o que ele acreditava, mas Quem ele seguia. A Verdade pela qual ele tanto lutou tinha um Nome, um Rosto, era uma Pessoa: Jesus Cristo. Por isso, não nos basta ter o nome de “geração João Paulo II”, mas precisamos seguir o seu exemplo e também testemunhar com a vida, com santidade, que seguimos Aquele que é a Verdade.
Batizado pelo nome de Karol Wojtla, nasceu em 18 de maio de 1920, na cidade de Vadovice, na Polônia, em meio a uma guerra contra os soviéticos. Época em que o país lutava para sobreviver e estava encurralado entre três nações imperialistas: Alemanha, Rússia e Áustria.
João Paulo II e Papa João XXIII foram canonizados no dia 27 de abril de 2014, no Vaticano, num dia que ficou marcado como “o encontro de quatro papas”: além dos que foram canonizados na ocasião, Bento XVI, papa emérito, que participava da celebração e Francisco, que a presidiu. Tudo sob os braços de Pedro, primeiro papa da história da Igreja, que os acolheu na praça que leva seu nome.
A festa litúrgica de São João Paulo II é celebrada no dia 22 de outubro