Pintando a Fraternidade: envio dos desenhos vai até dia 6 de agosto

O prazo para os envios do concurso Pintando a Fraternidade 2025 já está chegando ao fim. As Conferências de Crianças e Adolescentes de todo o Brasil têm até o dia 6 de agosto para enviar seu material para a sede do Conselho Nacional do Brasil (CNB). A premiação neste ano está para lá de especial e os vencedores serão conhecidos no dia 6 de setembro.

O concurso, que está em sua 9ª edição, tem como propósito incentivar a expressão artística e aprofundar os valores cristãos e vicentinos por meio do desenho, integrando temas de grande relevância espiritual e social. Neste ano, os participantes trabalharão com três importantes eixos temáticos: “Fraternidade e Ecologia Integral”, acompanhado do lema bíblico “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31); o Ano Temático da SSVP 2025 “Conferência: A essência do trabalho da SSVP”; e o Ano Jubilar 2025, com a proposta “Peregrinos de Esperança”, convocando os fiéis a uma jornada de fé, oração e reconciliação.

O concurso abrange todo o território nacional e é direcionado a crianças e adolescentes que participam de Conferências de Crianças e Adolescentes (CCAs), ou de Conferências adultas nos locais onde não há CCAs constituídas. Para concorrer, é necessário que a Conferência esteja devidamente cadastrada no CNB. Os participantes são divididos em duas faixas etárias: Categoria A, de 6 a 11 anos, e Categoria B, de 12 a 15 anos.

A seleção dos desenhos será feita por uma comissão julgadora composta pela Coordenadora Nacional de CCAs, os sete coordenadores regionais e dois representantes da diretoria nacional do CNB. Para garantir imparcialidade, os coordenadores regionais não poderão avaliar os desenhos oriundos de sua própria região.

“A cada edição, vemos um crescimento expressivo na participação. Os orientadores abordam os temas com os grupos e, a partir dessas reflexões, surgem os desenhos, cheios de significado. É um exercício de aprendizado, sensibilidade e fé. Estimular esses talentos é uma forma de formação e também pode revelar grandes artistas”, destaca Maria Aparecida Peteck, a Cida, Coordenadora Nacional das CCAs.

Premiação

Os vencedores serão anunciados no dia 6 de setembro, pelo site oficial da SSVP Brasil: www.ssvpbrasil.org.br.

Na Categoria A e Categoria B, os prêmios para os três primeiros colocados incluem:

• 1º lugar: 1 notebook e uma imagem da padroeira da respectiva região;

• 2º lugar: 1 Alexa e uma imagem da padroeira da respectiva região;

• 3º lugar: 1 tablet e uma imagem da padroeira da respectiva região.

Além da premiação principal, haverá prêmios regionais, com um desenho selecionado por região, e prêmios destaque por Conselho Metropolitano, escolhendo um desenho entre os participantes de cada Conselho. Os prêmios regionais serão providenciados pela Comissão Nacional e os prêmios por Conselho serão responsabilidade dos próprios Metropolitanos.

Com criatividade, espiritualidade e engajamento, o Concurso Pintando a Fraternidade reafirma o papel formativo das CCAs e fortalece o vínculo dos jovens com a missão vicentina em todo o Brasil.

Confira o edital completo aqui!

XIII Encontro Nacional de Coordenadores das CCA’s fortalece missão com fé, formação e integração

Evento reuniu mais de 100 participantes em Osasco/SP para momentos de formação, espiritualidade, partilhas e novos caminhos para as Conferências de Crianças e Adolescentes da SSVP

O XIII Encontro Nacional de Coordenadores das Conferências de Crianças e Adolescentes (CCAs) da SSVP Brasil reuniu 118 participantes nos dias 27, 28 e 29 de junho, no Lar Bussocaba, em Osasco/SP. Com o tema “Tomados pelas mãos de Jesus”, o encontro foi marcado por espiritualidade, oficinas práticas, palestras enriquecedoras e trocas de experiências entre coordenadores e orientadores de todo o Brasil.

A abertura do evento aconteceu na sexta-feira, com a celebração da solenidade do Sagrado Coração de Jesus e, em seguida, um momento de confraternização com o presidente do Conselho Nacional do Brasil (CNB), confrade Márcio José da Silva. A espiritualidade seguiu firme ao longo dos dias, com missas celebrando o Imaculado Coração de Maria e os santos Pedro e Paulo.

No sábado, os participantes se dividiram em quatro oficinas com temas voltados à atuação com crianças: elaboração de temas para encontros, formas de tornar as reuniões mais atrativas, visita domiciliar com os pequenos e formação de orientadores. Ainda no mesmo dia, duas palestras aprofundaram questões essenciais para o trabalho nas CCAs: a cartilha sobre os direitos das crianças e adolescentes e a inclusão de crianças com deficiência, com foco especial no Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Entre os momentos mais descontraídos, a dinâmica da “torta na cara” se destacou, testando de forma divertida os conhecimentos dos coordenadores sobre a SSVP. “A alegria contagiante e o brilho no olhar de todos foram sinais claros de que a árvore da CCA está sendo bem cuidada, crescendo forte, cheia de esperança e amor”, destacou a consócia Aline da Silva Barroso, coordenadora das CCAs da Região V.

No domingo, os trabalhos se voltaram à preparação de adolescentes para a integração nas Conferências de adultos e a uma palestra de motivação. O encerramento foi marcado por uma reflexão sobre os frutos já visíveis da caminhada das CCAs e sobre o compromisso renovado de todos com a missão vicentina.

Formação e missão

Para a coordenadora nacional da CCA, consócia Maria Aparecida Peteck Alencar, também conhecida como Cida, o encontro foi a concretização de um ciclo produtivo. “Fizemos uma tela com o tronco de uma árvore, e todos puderam colocar sua digital formando as folhas, simbolizando o comprometimento com a CCA. Foram quase quatro anos de muito trabalho, e agora colhemos os frutos com alegria”, afirmou.

A formação, segundo os participantes, é uma das maiores demandas das CCAs. A consócia Maria da Guia da Silva Bendito, da Região VI, destaca que um dos planos futuros é oferecer formações práticas sobre os encargos dentro da CCA e os departamentos da SSVP. “Nossas crianças precisam conhecer como a SSVP funciona. Também queremos reforçar a aproximação entre coordenadores e orientadores e conquistar novos voluntários para a fundação de novas CCAs”, completou.

Desafios e caminhos

Entre os desafios enfrentados pelas CCAs estão a dificuldade de acesso aos materiais formativos, a ausência de vicentinos para assumir a orientação de novas conferências infantis e a adaptação da linguagem dos conteúdos da Ecafo para o público infantojuvenil.

Ainda assim, o evento mostrou que há caminhos possíveis. Reginaldo Sabino, coordenador da CCA da Região II, destacou que encontros como este são essenciais para alinhar os trabalhos em nível nacional e fortalecer a atuação nos Conselhos Particulares. “Precisamos ter excelentes coordenadores e mais CCAs para servir nossos mestres e senhores”, pontuou.

Vindo do Ceará, o confrade Raimundo Narcélio, coordenador da CCA da Região VII, ressaltou a relevância dos temas da integração de adolescentes nas Conferências adultas e da inclusão de crianças com deficiência, abordados de forma prática e sensível. “Precisamos de conhecimento. A coordenação da CCA do CNB deu um passo importante ao trazer esse tema, e agora cabe a cada um de nós desenvolver ainda mais esse olhar”, afirmou.

A voz dos participantes

Para muitos dos presentes, o encontro foi uma verdadeira renovação. A consócia Stefania Andrade de Godoy Oliveira, coordenadora da CCA do Conselho Metropolitano de São José dos Campos/SP, relatou sua motivação: “Vim em busca de novos conhecimentos para repassar aos orientadores. O encontro foi ótimo, tudo preparado com carinho, com oficinas e palestras muito bem aplicadas”.

Entre os aprendizados, Stefania destacou a importância de levar motivação, dinamismo e compromisso aos líderes de base: “Nossa missão é integrar nossas crianças e contribuir com o crescimento da SSVP”.

Semeando o futuro

O XIII Encontro Nacional de Coordenadores das CCAs foi, acima de tudo, um espaço para plantar e regar sementes. Como disse a consócia Cida: “Nossa missão continua”. Tomados pelas mãos de Jesus, os coordenadores e orientadores seguem firmes, conscientes de que cada criança bem acolhida hoje será um elo essencial na corrente de caridade que move a SSVP.

Fonte: SSVP.BRASIL

Missão Vicentina no Pará: Renovação, Esperança e União pelo Norte do Brasil

Missão histórica reúne 60 missionários de todo o país para revitalizar as Conferências da SSVP no Pará, fortalecendo o carisma vicentino na região amazônica.

A SSVP se prepara para viver um momento marcante em sua história. De 19 a 22 de junho, 60 vicentinos missionários vão desembarcar na cidade de Belém, no Pará, e alguns municípios ao seu entorno, para uma missão estratégica de fortalecimento, evangelização e revitalização da vida vicentina no Norte do país.

A escolha pelo Pará não foi por acaso. A região norte vive um período desafiador dentro da estrutura vicentina: Conferências envelhecidas, dificuldades na renovação dos membros e uma grande distância geográfica entre as unidades, o que enfraquece a rede de assistência entre os grupos. Apesar de contar com lideranças comprometidas e espiritualmente fortes, há um cansaço visível entre os responsáveis, que carregam a sensação de já terem tentado de tudo.

Nesse contexto, a Missão Vicentina surge como resposta concreta e esperançosa. “É o momento de trazer novo fôlego, olhar renovado, espiritualidade encarnada. Missão não se explica, missão se vive”, destaca a integrante do Departamento Missionário do Conselho nacional do Brasil, Renata Santos.

Além de reanimar a caminhada local, a missão também marca um novo passo do Departamento Missionário da SSVP. “Entendo que a nossa ida para o Pará funcionará também como uma missão escola para os participantes. Muitos deles são coordenadores de Departamentos Missionários de Conselhos Metropolitanos e nem todos tiveram a chance de viver uma missão na prática. Então, também será tempo de aprender, não só de renovar a SSVP local. A presença dos coordenadores de Metropolitanos no Pará permitirá que eles experimentem, de forma viva e profunda, os fundamentos da missão vicentina, unindo prática, espiritualidade e aprendizado”, avalia Renata.

Outro ponto forte da ação é o intercâmbio cultural. O Pará, com sua riqueza de tradições, religiosidade popular e características únicas, representa um campo fértil para o processo de “aculturação missionária”. “Enviar missionários ao Norte é construir uma verdadeira partilha entre irmãos, é semear amor em solo sagrado”, afirma.

A missão acontece em duas grandes frentes, divididas pelos dois Conselhos Centrais paraenses, o de Castanhal e o de Nossa Senhora de Nazaré. As atividades vão abranger a revitalização e avivamento de Conferências, reativações e fundações de novos grupos, além da divulgação intensa do carisma vicentino em cidades como Belém, Icoaraci, Ananindeua, Vigia, Castanhal, Salinópolis, Primavera, Mãe de Deus, Maracanã e Curuçá.

Mais do que um evento pontual, a Missão em Belém é o reflexo de um sonho antigo que foi cuidadosamente cultivado e agora se torna realidade. De 14 a 16 de março, um grupo de missionários do CNB esteve na região, em pré-missão, preparando esse grande encontro. “A expectativa é que os frutos sejam duradouros — tanto para a região quanto para os missionários, que retornarão às suas comunidades transformados pela vivência. A missão no Pará é mais que uma ação: é um sinal de esperança, uma ponte de amor entre os vicentinos do Brasil e os Pobres da Amazônia”, finaliza Renata.

Fonte: SSVP.BRASIL
Escrito por Marina Prado

Padre Lazarista Nélio Pita é nomeado bispo auxiliar de Braga, Portugal

Ordenação episcopal acontecerá no dia 27 de julho de 2025

No dia 6 de junho o Papa Leão XIV anunciou a nomeação do Pe. Nélio Pita, CM, como bispo auxiliar de Braga, cidade portuguesa. A ordenação episcopal vai ser celebrada na Catedral de Braga, no dia 27 de julho de 2015, às 16h.

Desde 2022, Monsenhor Nélio Pita esteve envolvido com as tarefas de assistente geral da Congregação da Missão, sob comando do Superior Geral da CM, Pe. Tomaz Mavric, na Cúria Geral, em Roma.

Nélio Pita nasceu no dia 11 de outubro de 1973, no Estreito de Câmara de Lobos, ilha da Madeira; a 15 de setembro de 1994, entrou para a Província Portuguesa da Congregação da Missão e emitiu os votos perpétuos no dia 25 de março de 1999, tendo sido ordenado sacerdote a 29 de julho de 2000, na Sé do Funchal.

Mons. Nélio Pita tem Licenciatura em Teologia, na Universidade Católica Portuguesa, sede de Lisboa, antes de se formar em Teologia Espiritual na Universidad Pontificia Comillas, em Madrid (2003), e de fazer o mestrado em Psicologia Clínica no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa (2010).

Além disso, Mons. Nélio Pita frequentou o Curso de Especialização em Psicoterapia Psicodinâmica na Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica, em Lisboa (2014-2018) e é membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses e Membro da Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica.

Enquanto religioso vicentino, o novo auxiliar da Arquidiocese de Braga foi diretor do Seminário Maior da Província Portuguesa da Congregação da Missão (2003-2008) e pároco da Paróquia de São Tomás de Aquino, em Lisboa (2008-2020), tendo integrado o Comité de Ética para a Investigação Clínica (2014-2017; 2020-2023) e o Secretariado Internacional de Estudos Vicentinos (2014-2020), um órgão internacional da Congregação da Missão que se dedica ao desenvolvimento de estudos no âmbito da espiritualidade vicentina, com o propósito de aprofundar o carisma do fundador, São Vicente de Paulo. Em 2020, foi eleito superior provincial da Congregação da Missão, em Portugal. Rezemos para que D. Nélio Pita tenha um caminho abençoado como bispo, mantendo-se fiel à missão vicentina de servir os mais necessitados com humildade, simplicidade, zelo apostólico, mansidão e mortificação.

Abaixo, disponibilizamos a entrevista concedida por Mons. Nélio Pita, na ocasião de sua visita ao Brasil, ao Informativo São Vicente, N. 328.

Um missionário vicentino português empenhado na animação das províncias pelo mundo

Padre Nélio Pereira Pita, que desde 2020 é Assistente Geral da Congregação da Missão, ficou uma temporada como visitante fraterno na PBCM. Nascido na Madeira, em 1973, ele foi eleito por dois mandatos Visitador Provincial da Província Portuguesa da Congregação da Missão. Licenciado em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa; fez licenciatura canônica em Teologia Espiritual na Universidade Pontifícia Comillas, em Madrid; é mestre em Psicologia Clínica pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa. Foi, durante vários anos, Pároco na Paróquia de São Tomás de Aquino, em Lisboa, Assistente Provincial dos Padres Vicentinos e Diretor dos Estudantes Vicentinos. Pe. Nélio Pita chegou em terras brasileiras no dia 26 de junho, quando visitou a Escola São Vicente de Paulo, em Nova Iguaçu – RJ, foi à Província do Sul da Congregação da Missão, em Curitiba, retornando ao Rio de Janeiro no dia 14 de julho, quando visitou obras da PBCM tendo momentos de partilha e confraternização com os coirmãos até o dia 30 de julho, quando concedeu esta entrevista para a redação do nosso Informativo São Vicente.

Como tem sido a acolhida aqui no Brasil? É a sua primeira visita ao país? Qual a sua percepção das obras vicentinas visitadas? Alguma situação vista o chamou a atenção, em especial?

Sobre o acolhimento aqui no Brasil, foi evidentemente muito fraterna. Senti-me em casa, em família. O fato de partilhar a mesma língua, de expressar-me, portanto, no mesmo idioma, facilita muito a proximidade. Por outro lado, temos um passado comum. Para mim foi edificante escutar as referências explícitas a coirmãos que ainda estão vivos, que deram contributos na construção e animação desta Província. Alguns já morreram e são grandes referências, como, por exemplo, o venerável Viçoso. E, portanto, senti-me verdadeiramente em casa. E se tivesse de destacar alguma coisa seria esse sentido de pertença. É realmente muito bonito pensar que, apesar das diferenças que há entre nós, das distâncias, sentimos que pertencemos à mesma família, graças ao carisma que herdamos de São Vicente de Paulo. Finalmente, ainda sobre as obras, a Província tem várias obras, desde o trabalho com os mais pobres em áreas como Serra do Ramalho (BA), a Escola São Vicente, no Rio, em Nova Iguaçu, o trabalho nas capelanias, hospitais e com as irmãs. Eu trabalho na formação dos leigos, nomeadamente Família Vicentina, portanto é uma Província com vários focos, com várias expressões em termos de obras, e por isso também é muito bonito e verdadeiramente estimulante. Particularmente fiquei muito sensibilizado com a vossa paróquia ou missão, zona missionária em Serra do Ramalho, as comunidades das agrovilas, muito vivas, de gente muito simples e lembrei-me que ali se vive o carisma de São Vicente, a evangelização dos pobres do campo. Que a Província possa continuar fazendo este trabalho e fidelidade ao carisma que recebeu. Por fim, dizer que, considero esta Província bastante madura, bem estruturada, que tem reflexão, com grande patrimônio não apenas material, mas espiritual, uma cultura já enraizada. E isso é muito bonito, acho que a Província do Rio é sinal de esperança para a Igreja do Brasil, mas também para toda a Congregação.

Qual é a importância, em sua opinião, de se comemorar os 400 anos de fundação da Congregação da Missão?

A celebração dos 400 anos tem sempre várias vertentes. Por uma parte, é uma oportunidade para revisitar o nosso carisma, conhecer o pensamento de São Vicente de Paulo, estudar, portanto, as fontes para que elas continuem a inspirar o nosso presente. A celebração não pode ser apenas um acontecimento num dia, mas tem que ser um processo através do qual nós revitalizamos a nossa atitude como vicentinos. Não podemos apenas olhar para o passado, este olhar para o passado é muito importante, mas este olhar para o passado tem que iluminar o nosso presente, tem que, de alguma forma, moldar as nossas realidades. E, portanto, a celebração é muito importante porque também nos projeta no futuro o que é que nós fomos e o que é que nós queremos ser amanhã. Oxalá possamos, de alguma forma, neste tempo da celebração, encontrar, de alguma forma, respostas às questões que vão surgindo nas nossas sociedades. E estas questões são diversas. As questões que a Igreja e a sociedade no Brasil colocam são diferentes da Igreja e da sociedade da cultura na Europa, mas iluminados por este carisma. Podemos encontrar soluções bem concretas para essas questões, a estes problemas. Por isso é muito importante celebrar os 400 anos, não apenas para dar graças pela vida que temos, pela nossa história, mas também para projetar nosso futuro, para encontrar caminhos para o amanhã.

Para você, como tem sido a experiência de atuar no secretariado internacional de estudos vicentinos?

Na terceira questão, a minha estada tem sido muito vantajosa, pois tenho encontrado pessoas maravilhosas, muito competentes, muito apaixonadas pelo carisma. E aprendo muito escutando essas pessoas. Penso que temos um longo caminho para percorrer e a Congregação e a Família Vicentina. Mas de uma forma muito especial a Congregação e os seus membros têm essa responsabilidade de estudar, de conhecer o legado de São Vicente de Paulo para que amanhã outros possam ser herdeiros deste tesouro espiritual. E nesse sentido, o Secretariado Internacional dos Estudos Vicentinos é um comitê que tem como objetivo estimular os coirmãos e também a família vicentina para o conhecimento mais aprofundado desde patrimônio, às vezes é um patrimônio, em alguns casos, pouco conhecido, pouco amado, pouco valorizado, mas é essencial para nossa identidade.

O quê distingue o modo de agir vicentino dos demais carismas católicos?

Diria que o que distingue o modo de agir vicentino é sobretudo um modo de agir que é moldado pelas cinco virtudes que nós todos aprendemos e fomos motivados a assumir como um estilo de vida: a simplicidade, a humildade, a mansidão, a mortificação e o zelo. E é curioso que estas cinco virtudes, de alguma forma, têm moldado o carisma vicentino, têm moldado a forma de ser missionário. Eu escuto muitas vezes, em muitos lugares, não apenas no Brasil, mas também em outros países, as pessoas dizendo que vocês, missionários, são diferentes. Tem uma forma de ser que é diferente de outros carismas e de outros sacerdotes do clero diocesano. E essa diferença eu penso que é sobretudo por causa das virtudes vicentinas. E como sabem, como sabemos, estas virtudes são os traços do rosto de Jesus, da forma de ser de Jesus. Assim como Jesus foi simples, humilde, manso de coração, homem mortificado e homem zeloso, homem Deus zeloso, este nosso Mestre é inspiração para nós, para também nós assumirmos essas virtudes. E quando assumimos verdadeiramente estas virtudes, a nossa forma de ser é, digamos, peculiar. Eu diria ainda que não apenas no estilo de vida, mas também nas opções que nós fazemos. A nossa opção deve ser uma opção fundamentalmente norteada pelo desejo de servir aos mais fragilizados, aqueles que estão nas periferias da sociedade, aqueles que por vezes já ninguém quer saber. E essa opção, se for assumida, diferencia o ser vicentino de outros carismas existentes na Igreja, que são carismas também muito importantes.

Como promover as vocações religiosas em um mundo de extremismo, polarização, desigualdade e extermínio?

Eu não tenho propriamente um segredo, não tenho propriamente uma receita, e penso que não existem segredos nem receitas fixas, únicas, mas tenho uma visão geral. Eu acho que este mundo que você faz referência de extremismos e polarização é um mundo que gera violência. É um mundo que gera divisão, que gera guerra e separação. E a mensagem da Boa Nova é uma mensagem que promove a unidade, a felicidade, a verdadeira felicidade do homem, a vida com sentido, a vida iluminada pela Palavra de Deus, uma vida plena. E quando nós somos capazes de transmitir esta ideia do Evangelho como um manual de vida em plenitude, eu acho que encontramos outras pessoas disponíveis também para trabalhar nesta área. Pessoas que estão dispostas a consagrar a sua vida por esta causa, por uma causa, portanto, da paz, a causa da vida com sentido, a causa da fraternidade numa sociedade que, de alguma forma, é indiferente à desigualdade e ao sofrimento dos nossos irmãos. Eu penso que nós temos que ser mais audazes na proposta que fazemos, não ter medo, de uma forma clara e direta dizer aos nossos jovens que a vida que Jesus propõe é uma vida em abundância, e que ele quer contar com a ajuda de todos nós. Para que essa vida seja viável, possível a todos os irmãos, e para que este mundo seja menos de guerra, de violência, e sim um lugar de paz, de realização para todos e não apenas para alguns.

Missão quais têm sido as suas principais linhas de atuação?

As minhas linhas de ação como Assistente Geral são aquelas que o Padre Tomaž Mavri?, CM, nosso superior-geral, me indicou, porque sou fundamentalmente o seu assistente e sou responsável por acompanhar um conjunto de províncias, nomeadamente as províncias de língua portuguesa, as três do Brasil, Moçambique e a Missão Internacional em Angola. Também acompanho algumas províncias de língua espanhola: as duas de Espanha, São Vicente de Paulo e Saragossa, além de México e Costa Rica. Acompanho ainda a província da Áustria e da Alemanha. Além destas províncias, do trabalho de assistência a estas províncias, de ligação entre a realidade provincial e a Cúria, eu acho que nós fazemos o trabalho de ponte, fundamentalmente um trabalho de ponte. Eu também sou responsável por acompanhar áreas como o CIF, em Paris, as várias iniciativas do CIF. Também estou acompanhando a Comissão Internacional da Pastoral Vocacional, coordenada pelo nosso coirmão Rolando Gutiérrez, CM e a formação do Clero, portanto são essas as minhas linhas de ação e faço com muito gosto. Tem sido uma experiência riquíssima, porque encontro pessoas santas, motivadas, trabalhando em vários cantos do mundo, evidentemente com problemas, porque não vivemos no reino de Deus, mas nesse mundo onde nem tudo é perfeito.

Grandes Projetos tem sido desenvolvidos pela CM e Família Vicentina Internacional: Globalização da Caridade, Mudança de Estruturas, e agora, o Projeto 13 Casas; todos eles com implícitas preocupações e de defesa dos direitos humanos, dos quais consideramos precursor, Vicente de Paulo. Em sua opinião de que maneira devemos atuar para seguirmos seus passos, nesse caminho?

Penso que um dos primeiros passos é precisamente o de atuarmos como família, porque se aparecemos apenas como CM, somos poucos, não temos peso nem na Igreja, nem nas sociedades, somos pouco relevantes. Mas se aparecermos como movimento, como família que engloba diferentes ramos, é já uma força grande, que terá um grande impacto ou um impacto maior na sociedade e na igreja. Isto dá trabalho, significa que os ramos têm que dialogar, trabalhar, consertar estratégias, agir em comum e não cada um para o seu lado. O segundo passo, eu penso que é importante conhecer mais ainda o pensamento e a espiritualidade de São Vicente de Paulo. Para quê? Para nos tornarmos instrumentos dóceis nas mãos de Deus, para cumprirmos a sua vontade que é, em poucas palavras, a construção do seu reino neste mundo. Sem esta ligação a Deus, que a espiritualidade e o carisma vicentino nos convida, sem esta vinculação ao transcendente, corremos o risco de sermos uma ONG, um grupo humanitário. E os grupos humanitários, as ONGs, são instituições muito parecidas, mas nós queremos ser, ou procuramos ser, uma instituição que é instrumento de Deus, neste tempo. Finalmente, recordava um terceiro passo, que o combate à pobreza e os pobres são o nosso lote, o nosso tesouro. Tem sempre estes três níveis que são muito importantes, que nós não podemos esquecer. O nível da assistência, dar assistência, prestar assistência às pessoas mais carenciadas. Uma assistência que pode ser material, mas também espiritual. Uma dimensão da promoção, ajudar a trabalhar para que os jovens ou os pobres sejam formados, estudem, tenham a possibilidade de se promoverem como pessoas, não só nos estudos mas também no trabalho. E uma terceira dimensão, que é a dimensão da denúncia, uma dimensão mais profética, penso que na Família Vicentina falta um pouco mais nessa terceira dimensão, a dimensão da denúncia. É preciso denunciar sem entrar em polêmicas, sem entrar em situações políticas partidárias. Os vicentinos, a Família Vicentina deve ter a coragem de alguma forma de se pronunciar, fazer declarações públicas contra todas as estruturas que são a causa da pobreza e da desigualdade social, que provocam sofrimento, que provocam dor na sociedade.

Sem querer entrar em polêmica, vimos que recentemente o presidente de Portugal pediu perdão pelos Erros da escravidão e propôs reparação pelos danos causados. Papa Francisco também já se desculpou por erros da Igreja no passado. Em sua opinião os Vicentinos devem se desculpar por algo que tenham feito no passado?

Este é um tema, de fato, bastante delicado, o tema do perdão e da reparação das ofensas. Mas, assim, de uma forma muito sucinta, eu penso que, de fato, como católicos, devemos pedir perdão por aquilo que fizemos de errado, e fizemos muitas coisas erradas. Claro que como português e como nação, estou consciente que este país tem uma história marcada também por períodos de ações criminosas. E não devemos ter vergonha nem medo de pedir perdão por elas e inclusive encontrar estratégias para reparar o mal que fizemos a estes povos. Eu penso que isso faz parte do sentido ético, do imperativo ético que devemos assumir. É claro que, como vicentinos, também temos pecados, cometemos erros. Eu precisaria estudar mais a nossa história para focalizar ou identificar alguma situação, mas certamente cometemos bastantes erros em algumas culturas em especial. Lembro-me, por exemplo, que há bem pouco tempo uma congregação religiosa era acusada de ter também vendido escravos, porque tinha escravos. Penso que não foi o caso dos lazaristas ou vicentinos, mas evidentemente que como grupo humano também tivemos pecado e temos pecado e devemos pedir perdão a Deus e aos homens pelos erros cometidos. Tendo dito isto, Parece-me importante também acrescentar um dado que considero importante: Pedir perdão, não significa que eu tenha que viver angustiado com sentimento de culpa, porque, na verdade, muitos de nós, da geração atual, não tem qualquer culpa do que aconteceu a 100, 200, 300 ou 400 anos. Devemos pedir perdão, mas não viver angustiado com a culpa, porque isso não é saudável, pelo contrário, muito doentio.

Somos filhos da CM Portuguesa. Para você, o que a Província Brasileira representou historicamente para a sua Província? E o que ela significa hoje?

Talvez seja importante considerar que o século XXI na Igreja é por excelência um século missionário. Neste século nasceram muitas congregações e a Igreja expande-se pelos vários territórios até então praticamente abandonados ou que não tinham sido evangelizados. E é neste contexto geral de um esforço que a Igreja faz que podemos situar aquilo que é também a missão dos padres que são enviados para as terras do Brasil. O padre Leandro Castro Rebello e o servo de Deus Antônio Viçoso, enviados para o Brasil, para estas terras vastas e desconhecidas, são um esforço, representam um esforço que uma pequena província de um pequeno país faz para corresponder às expectativas que havia de nos tornarmos, de fato, uma congregação missionária. Podemos dizer que o apelo missionário, o apelo a sermos enviados estava muito presente, mas é neste contexto, neste ambiente, que eles são enviados, apesar de serem um grupo pequeno, são estes dois enviados para o Brasil. Isto, este dado histórico, é para nós motivo de alegria, é para nós motivo de ação de graças, mas não pode ficar no passado de facto. Talvez pudéssemos hoje reavivar esta relação entre Portugal e as províncias do Brasil, nomeadamente a província do Rio, sobretudo em áreas como a formação, uma maior cooperação entre a formação e áreas como o trabalho comum. Hoje, por exemplo, em Portugal existe uma grande comunidade imigrante, formada por brasileiros, muitos deles vivem como ovelhas sem pastor, porque não encontraram – dentro da Província do Brasil – alguém que pudesse vir para Portugal e prestar essa ajuda na área pastoral do acompanhamento aos imigrantes brasileiros. Quero com isso dizer que, não basta ficar olhando o passado, é preciso pensar no presente e projetarmos no futuro.

Os primeiros missionários vicentinos no Brasil vieram de Portugal. Foram exímios missionários, formadores e educadores da juventude. Basearam-se no Santuário do Caraça, obra-mater da Província Brasileira da Congregação da Missão, visitada pelo senhor recentemente. Gostaria de ouvir a sua impressão a respeito dessa obra vicentina que esse ano completa 250 anos de fundação e 30 anos de RPPN.

Devo dizer que fiquei bastante impressionado com a grandeza do espaço e a beleza do edifício e também a vida que lá alberga. Para mim é uma honra pensar que, de alguma forma, os meus coirmãos tiveram um contributo importante na formação deste espaço, desta instituição, que hoje é uma instituição de relevância para a Igreja e para a sociedade brasileira. Relevância pelo contributo que deu na formação de tantos homens que hoje e no passado determinaram a história do Brasil, e continuam a determinar. Por isso, é motivo de grande alegria pensar que os meus coirmãos fizeram tanto, apesar de serem tão poucos. Eu estive pouco tempo no Caraça e por isso a minha opinião, a minha impressão não foi devidamente, não é devidamente fundamentada. Ainda assim, eu me atrevi a dizer que há três áreas importantes e este espaço poderia ser, de fato, uma espécie de laboratório Laudato Si. Hoje o tema da ecologia está na ordem do dia e, porque não, associar este espaço, este santuário à temática ambiental. E dentro deste espaço destacava esta vertente, primeiro uma vertente religiosa, especificamente religiosa, associada em especial ao santuário, à devoção, que é preciso cultivar, que é preciso alimentar, disponibilizando pessoas para o serviço religioso, pessoas que sejam apaixonadas, que sejam competentes, que saibam acolher. Não apenas para presidir uma Eucaristia pontualmente, mas também para confessar, dirigir espiritualmente, promover iniciativas como retiros, promover iniciativas como romarias, encontros de jovens, iniciativas associadas à formação. Esta, digamos, é a dimensão, a área mais religiosa. Depois existe uma outra dimensão muito importante, que é a dimensão mais turística, mais virada para o turismo. E penso que aí estão prestando bom serviço, mas imagino que é necessário uma atenção constante, um trabalho grande, aliado com a cooperação de leigos profissionais, para que o espaço presente qualidade para acolher aqueles que nos procuram numa perspectiva meramente turística. Não podemos fechar as portas desta possibilidade, não só porque é uma fonte de receita, mas também, às vezes, através desta presença, desta proximidade podemos fazer a proposta de Deus. Eu penso que não será raro as situações em que um turista estando no Caraça, acaba por se aproximar da igreja, por ter um contato em uma celebração com o padre, e nós não devemos desvalorizar essa dimensão. Finalmente a terceira dimensão, uma dimensão mais científica, que tem a ver com os aspectos ligados o cuidado com a flora, com a fauna, com os animais, portanto com as aves, mítica, aquilo que é figura do lobo, tudo isso faz desse espaço, o Caraça, um lugar verdadeiramente emblemático, motivo de honra e uma grande responsabilidade para a Província. 

Um Jubileu comemorado por casas e obras da Congregação da Missão em todo o mundo apresentará um grande desafio de concentração de esforços e organização internacional. Quais são as principais atividades sugeridas pela Cúria Geral e como gostaria que os vicentinos encarassem esse momento histórico singular?

Eu penso que estas atividades podem ser agrupadas em dois eixos. Um eixo interno, de iniciativas com os destinatários que são fundamentalmente os membros da Congregação, como as celebrações de abertura do Jubileu, as reflexões que foram enviadas em cada trimestre para serem objeto de reflexão em comunidades e ciativas a nível geral e local para celebrar estes 400 anos. As iniciativas mais de caráter viradas para fora, não para o âmbito da congregação, são aquelas, por exemplo, em que o Padre Tomaž Mavri? desafia a sermos mais proativos naquilo que é a proposta do nosso carisma, em contextos como as paróquias que estão nas dioceses em que trabalhamos. Talvez haja, da nossa parte, uma certa timidez, uma certa modéstia quando se trata de falar do nosso carisma e propor as virtudes do nosso carisma a outras pessoas. E, portanto, essa é uma das iniciativas que o Padre Tomaž sugere que assumamos. Penso que o ponto alto destas celebrações será em Paris, no final do mês de abril de 2025, com o tríduo que vai evocar os 400 anos, depois o encontro de visitadoras de todo o mundo, e o encontro com os bispos vicentinos, o encontro com os jovens vicentinos e, finalmente, o encontro com os visitadores das províncias europeias. Haverá, portanto, um conjunto considerável de celebrações, quase um mês de celebrações centradas na Casa Mãe. Finalmente, eu acho que estas festas, instrumentações de graças, devem reavivar em nós a paixão, o amor, o entusiasmo por sermos vicentinos. Às vezes podemos viver nossa vocação de forma um pouco desencantada, um pouco morna, um pouco já sem sabor, e esperamos que estas celebrações reavivem em nós o entusiasmo para sermos vicentinos, porque nosso carisma continua sendo muito atual.

Em 24 anos como presbítero qual trabalho realizou que gostaria de destacar ou ver replicado em outras casas e obras da Congregação da Missão? Por quê?

24 anos passam rápido e dou muitas graças a Deus pela experiência tão diversa e muitas vezes inesperada, que fui assumindo ao longo destes vários anos. Em cada área onde trabalhei senti muita alegria, todas elas foram marcadas pelo inesperado e pela novidade. Eu não me limito a cumprir uma guia, não me limito a executar uma tarefa que está pré-definida, eu procuro sempre criar, inventar. Gosto muito desta dimensão da liberdade que me permite, de alguma forma, pôr um cunho pessoal àquilo que eu faço. Trabalhei como formador e não me esqueço das iniciativas que nessa altura tive com os seminaristas. Alguns deles hoje ocupam cargos, serviços importantes. O Padre Pedro, atualmente visitador, foi meu formando. Também trabalhei durante vários anos, 12 anos mais precisamente, numa grande paróquia em Lisboa. Não esperava trabalhar nessa paróquia, porque sou missionário, ou gostaria de ser missionário. Mas foi isso que me pediram os meus superiores, na altura. Na verdade, o trabalho da paróquia foi uma experiência muito gratificante, porque na paróquia nós encontramos todo o tipo de pessoas, pobres e ricos, analfabetos e pessoas muito inteligentes e muito bem preparadas. E nós temos que saber estar em todos os lugares e dar uma atenção muito grande a todas as pessoas. E envolver estes irmãos, independentemente do seu status social, ajudá-los a criar a consciência de pertença a um corpo, serem membros de uma comunidade, foi para mim extremamente rico. Por outro lado, fomentar aquilo que era a presença dos ramos da família Vicentina nesta comunidade paroquial, nomeadamente as Conferências de São Vicente Paulo e a Juventude Mariana Vicentina foram, por exemplo, dois ramos que nós criamos, que não existiam nesta paróquia. Julgo que, num tempo, numa altura em que uma parte da congregação tem trabalhos paroquiais, se soubermos dar uma dinâmica missionária às nossas paróquias, criar uma motivação forte para que os leigos se comprometam, se envolvam, participem ativamente numa lógica sinodal, isso será muito gratificante. E por isso, acho que vale a pena criar um perfil de paróquia verdadeiramente vicentino, uma paróquia que inclua a todos, uma paróquia que está atenta aos mais pobres e promova esses pobres para que sejam protagonistas na animação da paróquia. Talvez seja essa uma das experiências mais ricas, que eu acho que valesse a pena nós considerarmos atender na Congregação.

Entrevista publicada originalmente no Informativo São Vicente N. 328, de Julho/Agosto/Setembro de 2024. 

Junho Vermelho: um gesto de amor que salva-vidas

Campanha incentiva as pessoas a doarem sangue e promoverem ações de conscientização nas comunidades

Com a chegada do mês de junho, uma cor ganha destaque em todo o país: o vermelho. Trata-se da campanha Junho Vermelho, dedicada à conscientização sobre a importância da doação de sangue, um ato simples que pode salvar até quatro vidas de uma só vez.

A iniciativa surgiu em 2015 e ganhou força por coincidir com o Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado em 14 de junho, em homenagem ao cientista austríaco Karl Landsteiner, que descobriu os grupos sanguíneos. A data também alerta para um desafio recorrente: a queda nos estoques de sangue durante o inverno, quando as doações diminuem por conta das baixas temperaturas, doenças respiratórias e férias escolares.

Um pequeno gesto que faz toda a diferença

A doação de sangue é essencial para o funcionamento do sistema de saúde, pois abastece hospitais e unidades de saúde que realizam cirurgias, tratamentos de câncer, transplantes, atendimentos de emergência e partos. No entanto, segundo o Ministério da Saúde, somente 1,4% da população brasileira doa sangue regularmente, quando o ideal seria pelo menos 3%.

Cada doação pode beneficiar até quatro pessoas, já que o sangue é separado em diferentes componentes: plaquetas, hemácias, plasma e crioprecipitado. Em poucos minutos, o doador contribui diretamente para salvar vidas, oferecendo um gesto concreto de solidariedade.

Quem pode doar?

Para ser doador de sangue, é necessário:

  • estar em boas condições de saúde;
  • ter entre 16 e 69 anos (menores de idade precisam de autorização dos responsáveis);
  • pesar mais de 50 kg;
  • estar alimentado (evitando alimentos gordurosos nas 4 horas anteriores);
  • apresentar um documento oficial com foto.

Os homens podem doar a cada 60 dias (até quatro vezes por ano) e as mulheres, a cada 90 dias (até três vezes por ano). Algumas situações, como gripe, cirurgia recente, tatuagens ou uso de determinados medicamentos podem impedir temporariamente a doação.

Doar é simples

O processo é rápido e seguro. Começa com um cadastro, seguido por uma triagem clínica e a verificação dos sinais vitais. A coleta dura cerca de 10 minutos, e após a doação, o doador recebe um lanche e orientação para manter-se hidratado. Em poucos dias, o corpo repõe os líquidos e células doadas.

Santas Casas podem ser beneficiadas

A SSVP Brasil está presente em todo o país e mantém diversas Santas Casas, hospitais filantrópicos que atendem milhares de pessoas por ano, muitas delas, em situação de vulnerabilidade social. Doações regulares de sangue podem ajudar diretamente essas instituições.

Diante disso, a SSVP Brasil convida todas as Unidades Vicentinas a se engajarem no Junho Vermelho, promovendo campanhas de conscientização e incentivo à doação. Entre as ações sugeridas, estão:

  • mutirões de doação envolvendo consócios, funcionários, jovens vicentinos e comunidades atendidas;
  • palestras e rodas de conversa sobre a importância da doação;
  • parcerias com hemocentros para agendar coletas externas em paróquias ou sedes vicentinas;
  • divulgação nas redes sociais com mensagens de incentivo e depoimentos de doadores e pacientes.

Um chamado à solidariedade

Se doar sangue já é um ato de empatia, fazê-lo como parte da missão vicentina é um verdadeiro testemunho de fé e caridade. Ao estender a mão a quem precisa, os vicentinos renovam o compromisso com a vida e com os mais pobres.

Neste Junho Vermelho, vista-se de solidariedade, doe sangue e incentive outras pessoas a fazerem o mesmo. Uma única doação pode representar a esperança para famílias inteiras.

Saiba mais

Para localizar o hemocentro ou unidade de coleta mais próxima, acesse o site do Ministério da Saúde: www.gov.br/saude