Missão Vicentina: combater o bom combate e guardar a fé!
Os textos do mês de setembro do livro temático da Sociedade de São Vicente de Paulo para 2022, “Missões: Saber Cuidar”, trazem entre os temas sugeridos para reflexão uma importante exortação de São Paulo. Em sua primeira Carta a Timóteo, recomenda o apóstolo: “Tu que és homem de Deus, foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a mansidão. Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna para a qual foste chamado e pela profissão de fé diante de muitas testemunhas” (1Tm 6, 11-12).
Essa exortação de Paulo chama a atenção para a necessidade de perseverarmos na fé e na prática das boas obras. Em sua segunda Carta a Timóteo, Paulo repete a mesma recomendação, em forma de reflexão pessoal, no capítulo 4, versículo 7: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé”. Ele reflete sobre a sua vida e constata que foi fiel em sua missão de seguir os ensinamentos de Jesus, expressando sua esperança na vida eterna.
A perseverança na missão vicentina deve ser motivo de reflexão contínua para cada membro da SSVP. Algumas questões deveriam incomodar a cada um de nós que militamos no serviço aos mais Pobres: por que eu (e não outra pessoa) fui chamado a realizar essa missão? Que planos Deus tem para mim ao me chamar ao serviço aos mais Pobres? Estou cumprindo a missão que Deus me confiou? Eu me preocupo com as “obras” que um dia terei que prestar contas a Deus?
Cada um de nós é um missionário chamado ao serviço do Reino de Deus, servindo aos mais necessitados. Um serviço que devemos realizar com perseverança e fidelidade, vencendo todas as dificuldades dessa caminhada e colocando todos os nossos talentos a serviço dessa missão. Deus capacita a cada um de nós para a realização de seus propósitos e espera que empreguemos todos os talentos que recebemos gratuitamente. Esses talentos devem ser multiplicados, nos lembra Jesus na “Parábola dos Talentos”, sob pena de incorrermos em pecado: “…Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem dez. Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado. E lancem fora o servo inútil, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes”(Mt 25, 28-30).
Exemplos e modelos de perseverança na missão não nos faltam. Podemos citar vários, mas fiquemos somente com os exemplos de São Vicente de Paulo, o grande organizador da caridade, e de Antônio Frederico Ozanam, precursor da doutrina social da Igreja. “Amemos a Deus, mas amemo-Lo à custa de nossos braços e do suor de nosso rosto”, ensinou São Vicente. “Vamos para a linha de frente! Que nossas ações estejam em consonância com a nossa fé. Vamos aos Pobres”, incitou Ozanam, iniciando a caminhada de quase 190 anos de serviço da SSVP.
As obras de Deus são realizadas com confiança na Providência Divina e muita perseverança. Agora mesmo estamos comemorando 150 anos de presença da SSVP em solo brasileiro. Aqueles pioneiros que aceitaram o desafio de criar a nossa Sociedade no Brasil e fundaram a Conferência de São José no dia 04 de agosto do ano de 1872, na cidade do Rio de Janeiro, tinham confiança nessa obra de Deus que já se espalhava por toda a Europa. E muitos outros perseveraram nesse serviço até os dias de hoje. Tomemos esses exemplos e façamos da nossa própria caminhada vicentina um serviço realizado com todo o nosso coração e com todos os talentos que recebemos de Deus para, ao final, podermos repetir como o apóstolo: “Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé!”. ______________________________________
Autor: Confrade Júlio César Marques de Lima – Belo Horizonte/MG,
Vice-Presidente Territorial do CGI para a América do Sul –
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