Henri Planchat, confrade e depois sacerdote, será beatificado em abril
Ele foi um dos mártires mortos durante a Comuna de Paris, de 1871
A Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) e os Religiosos de São Vicente de Paulo (RSV), assim como toda a Família Vicentina e a Santa Igreja, estão em festa pela beatificação do padre Henri Planchat, que foi membro de uma Conferência Vicentina em Paris, nos primeiros anos da nossa Sociedade.
Mathieu-Henri Planchat (1823-1871) nasceu na cidade de La Roche-sur-Yon, França. Era oriundo de uma família abastada e muito piedosa, cujo pai era um magistrado. Em atenção ao pedido do pai, Planchat formou-se em Direito na Universidade de Paris Panthéon-Sorbonne, mas logo depois ingressou no Seminário de São Sulpice para estudar Teologia.
Confrade e sacerdote
Durante os estudos teológicos, ele participou daConferência São Lamberto entre os anos 1843 e 1850. Neste período, conheceuoconfrade Jean-Léon Le Prevost, que era presidente da Conferência São Sulpice. Em 1845, Le Prevost acabava de fundar, juntamente com outros dois confrades (Clément Myionnet e Maurice Maignen), a Congregação dos Irmãos de São Vicente de Paulo (RSV).
O jovem Henri passou a se dedicar, com eles, no serviço dos pobres e dos adolescentes da periferia de Paris. De acordo com seu bispo, três dias após a ordenação, no dia 21 dezembro de 1850, Henri Planchat se apresentou a Le Prevost para ser recebido como o primeiro sacerdote da nova Congregação, que até então só possuía irmãos.
A atuação religiosa do padre Henri Planchat foi bastante destacada. Ele deixou a vida cômoda que possuía para servir aos pobres, atuando como capelão em diversas obras da SSVP e da própria congregação. Ele visitava os pobres e os doentes, dirigiu uma obra para menores de rua e adolescentes aprendizes, com forte predileção pela formação cristã infantil e da juventude. Em 1862, a pedido das Conferências Vicentinas de Paris, foi nomeado capelão do Patronato de Santa Ana, que contava com centenas de crianças e jovens. Ele era chamado de “apóstolo dos subúrbios” por seu trabalho próximo do povo.
Quando a Guerra Franco-Prussiana começou (1870), ele se uniu ao movimento patriótico em favor dos feridos evacuados para a capital e dos soldados encarregados de sua defesa. A pedido do confrade Paul Decaux, Vice-presidente do Conselho Particular de Paris (SSVP), ele instalou uma ambulância para cuidar das pessoas feridas.
Comuna de Paris
Depois da guerra de 1870, eclodiu a “Comuna de Paris”, um movimento de inspiração comunista que durou 72 dias, com muitas batalhas sangrentas pela cidade. Henri Planchat nunca se envolveu em lutas políticas, e sua preocupação era com os feridos das guerras e a segurança das crianças e jovens.
No mesmo dia em que a “Comuna de Paris” começou, em 18 de março de 1871, um bando de insurgentes invadiu o Patronato de Santa Ana com o pretexto de apreender armas, mas nada foi encontrado. Dias depois, o patronato voltou a ser invadido. Planchat foi interrogado, humilhado, espancado e preso por dois meses, juntamente com outros religiosos e civis.
Em 26 de maio de 1871, numa emboscada anarquista, Planchat e outros companheiros foram violentamente fuzilados, durante o terrível “Massacre da Rua Haxo”. Ele tinha 47 anos de idade. Após sua morte, a reputação do Padre Planchat como mártir se espalhou rapidamente. Em 1897, a fase diocesana do processo de beatificação foi aberta em Paris. Após ser introduzida em Roma em 1964, esta causa finalmente recebeu o voto unânime dos consultores em outubro 2020, e dos teólogos do Dicastério para as Causas dos Santos em maio de 2021.
É importante ressaltar que a Comuna de Paris, além de interesses sociopolíticos, era profundamente adversa à religião. Os “comunas” consideravam a religião como “um obstáculo que devia ser eliminado”. O ódio à fé ficou evidente diante das inúmeras destruições de igrejas e pilhagens que ocorreram nos lugares de culto.
Beatificação
Após o parecer positivo, no dia 25 de novembro de 2021, o Papa Francisco reconheceu o “martírio de fé” do Padre Planchat e de outros quatro líderes católicos que morreram durante a Comuna de Paris, chamados de “Mártires da Rua Haxo” (Ladislas Radigue, Polycarpe Tuffier, Frézal Tardieu e Marcellin Rouchouze), e assinou o decreto da beatificação deles, cuja cerimônia acontecerá no dia 22 de abril de 2023, 16h, na Igreja São Sulpice, em Paris.
Os restos mortais do confrade (e padre) Henri Planchat repousam no Santuário de Nossa Senhora da Salete, em Paris, no Distrito 15. Em julho de 2021, o confrade Renato Lima de Oliveira, 16º Presidente-geral da SSVP, visitou o Santuário e rezou em frente à lápide de Henri Planchat. No Distrito 20, onde ficava a obra do Patronato de Santa Ana, a Prefeitura de Paris o homenageou dando o seu nome a uma rua, que foi rebatizada como “Rua Planchat”.
O Conselho Geral Internacional estará representado na cerimônia de beatificação por meio da Secretária-geral, consócia Marie-Françoise Salesiani-Payet, pelo Secretário-geral Adjunto, confrade Jean-Marc Ossogo, e pelo assessor espiritual internacional, padre Andrés Motto (CM). Pedimos que na semana do dia 22 de abril, em todas as Conferências vicentinas pelo mundo afora, seja rezado um Pai-Nosso pela alma do querido confrade (e depois padre) Henri Panchat.
Clique aqui para ler um pouco sobre a história dos Religiosos de São Vicente de Paulo, por meio do livro “Maurice Maignen: apôtre du monde ouvrier”, escrito por Richard Corbon.