E LOGO SE ESPALHOU FINCANDO RAIZ
O mundo estava em caos e a Igreja precisava de novos ventos. Eis que no céu de Paris, uma luz brilhou. Depois de inúmeras interpelações de Deus e das pessoas, até mesmo de incrédulos que por vezes diziam: “Os cristãos não praticam o que pregam; onde estão as suas obras de caridade?”, sete jovens resolvem se unir e mostrar ao mundo a vitalidade da fé Católica, da verdadeira fé no Pai transformada em obras. Em 23 de abril de 1833, na redação da Tribuna Católica,em Paris, na França, nasce a Sociedade de São Vicente
de Paulo. A história da humanidade nunca mais fora a mesma.
Uma associação de leigos católicos, jovens, colocada sob a proteção de São Vicente de Paulo, inspirado em seus pensamentos e obras, torna-se um sinal de esperança para o mundo. Uma luta constante por justiça e caridade, buscando aliviar os sofrimentos do próximo, mediante o trabalho organizado. Uma caridade organizada e sem interesses pessoais. Desde a essência da criação da Sociedade de São Vicente de Paulo, a conhecida SSVP e seus fundadores: Antônio Frederico Ozanam, Jules Devaux, Auguste Le Taillandier, Paul Lamache, Emmanuel Joseph Bailly, François Lallier e Félix Clave tinham a preocupação de renovar-se constantemente aos apelos do mundo, vivendo uma “Caridade Universal”.
Com isso percebemos que a amizade é uma das pérolas que complementa o trabalho de justiça e caridade dessa instituição que chamamos SSVP. Uma enorme Irmandade que nunca deve buscar promoção pessoal ou interesses de grupos, mas que deve romper com o egoísmo, vaidade e prepotência que assolam o coração humano, a começar de nós mesmos. A exemplo disso, São Vicente de Paulo é o patrono de nossa Sociedade. Um homem a frente de seu tempo que se dedicou inteiramente ao serviço dos pobres, dos infelizes e dos
que não tinham fé.
Com certeza nestes 183 anos de fundação da Sociedade de São Vicente de Paulo, o mar nem sempre foi manso e trouxe boas marés, pois até mesmo nosso amigo Ozanam relatou isso em seus escritos. Mas o que de fato fez com que o simples gesto de levar um feixe de lenha à uma família fosse um dos primeiros atos concretos da história da SSVP? Frederico Ozanam responde: “Não foi nosso primeiro objetivo socorrer aos Pobres, não: socorrer os Pobres foi apenas um meio. Nossa intenção foi de manter-nos puros na fé católica e testemunhá-la la para os outros por meio da Caridade. A Caridade nos ensina que quando visitamos os pobres, nós ganhamos muito mais do que eles”.
Com essa intenção a SSVP se espalhou por inúmeros países atingindo, até o presente momento 150. Conta com cerca de 800 mil membros espalhados em mais de 50 mil conferências. Formada por homens e mulheres, jovens, crianças e adultos, a Sociedade de São Vicente de Paulo mantém milhares de Instituições de Longa Permanência para Idosos (lar de idosos), creches, hospitais e projetos sociais que contribuem para que o mundo se torne mais justo e fraterno, fazendo acontecer a verdadeira mudança de estrutura.
O Brasil é o maior país vicentino. Aqui, a SSVP chegou em 1872 no Rio de Janeiro. A primeira conferência vicentina brasileira chama-se São José. Atualmente, segundo dados do Conselho Nacional do Brasil, existem cerca 153 mil vicentinos participando de uma das mais de 15.489 conferências espalhadas no país. A Sociedade de São Vicente de Paulo se mantém graças a oração e ação. Guiada pelo Espírito Santo de Deus, somos convidados a interiorizar em nossas mentes e coração o desejo e intenção dos sete jovens fundadores: “abraçar, com simplicidade e alegria, sem vaidades e interesses pessoas, o mundo em uma grande rede de caridade”.
Autor: Gustavo Correia (Decom/CMBH)
Artigo publicado na Revista Vicentina Adoremos, edição 1005, ano 102.
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