Dia de finados
“Esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê, tenha a vida eterna.
E eu o ressuscitarei no último dia” (Jo, 6,40)
COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS
Caríssimos irmãos e irmãs em São Vicente de Paulo. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da vida e da história!
Hoje, 02 de novembro celebramos em união com toda a Igreja, a comemoração de todos os fiéis defuntos. Nesta ocasião somos convidados a orar e oferecer sufrágios pelos fiéis defuntos. Neste dia tão memorável para a nossa Liturgia, o Papa Francisco nos convida a voltar o olhar para uma “dúplice memória: a memória do passado, dos nossos entes queridos que já se foram; e a memória do porvir, do caminho que nós havemos de percorrer. Com a certeza, a segurança; aquela certeza que saiu dos lábios de Jesus: «Eu ressuscitá-lo-ei no último dia»” (Jo 6, 40) [1].
Vivemos um tempo atípico no mundo, estamos imersos em uma pandemia causada pelo Novo Corona Vírus (Covid-19), exigindo de todos, como medida de prevenção um isolamento social rigoroso, constituindo um cenário cauteloso e hostil. No entanto, este cenário não pode ofuscar a luz na caminhada daqueles que confiam em Jesus Cristo, cuja fé está enraizada no mistério insondável da ressurreição. Segundo o Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo Metropolitano do Rio de Janeiro, este “dia de finados, deve ser um dia de oração, de homenagem cristã aos nossos entes queridos falecidos, e, também, um dia de reflexão sobre o mistério da morte e da ressurreição que marcam nossas vidas” [2].
Recordamos que a Igreja, desde os seus inícios, vem cultivando com grande piedade a memória dos defuntos, oferecendo por eles seus sufrágios. Nos seus ritos fúnebres a Igreja celebra com fé o mistério pascal, na certeza de que todos que se tornam pelo Batismo membros de Cristo crucificado e ressuscitado, através da morte, passam com ela à vida sem fim (cf. Rito das Exéquias, 1). A celebração da comemoração de todos os fiéis defuntos teve início em Roma, no século XIV (Missal Romano, 693). As celebrações de finados nesse ano no mundo inteiro estarão voltadas para as vítimas do COVI-19 e suas famílias, e também no Brasil que foi um dos lugares o mundo mais afetado pela pandemia.
A missão do cristão, em especial dos vicentinos consistirá no trabalho de confortar as famílias, os pobres, afim de que estes possam entender que “para os cristãos, a vida não é tirada, mas transformada. ” (Prefácio dos Defuntos I). Nosso sufrágio consistirá, não em só rezar, mas tomarmos cuidados uns dos outros, preservando a vida a partir dos cuidados samaritanos e das medidas recomendas pelas autoridades civis e eclesiásticas.
A morte para nós autênticos cristãos e cristãs encontra nas palavras do Apóstolo Paulo, a razão da liberdade daqueles que vivem no Espírito e dizer: “para mim a vida é Cristo, e morrer é lucro” (FL 1,21)[3]. Convido-vos, a olhar este dia não com tristeza, mas com esperança. Esperança de dias melhores, de que encontremos a cura para o vírus que sonda nossas preocupações diárias. Esperança que, todos vivamos com dignidade, e com condições mínimas de vida, educação e direitos humanos. Esperança diante da “flor da esperança, como aquele fio forte que está ancorado no além. Eis a âncora que não desengana: a esperança da ressurreição. Sendo precisamos nos alegrar por isso e acreditar na sua, na nossa e na ressurreição dos mortos como professamos em nossa fé” (Francisco, 2016).
Que a vida daqueles que partiram, os quais amamos, sirva de inspiração para nossa caminhada cristã. Que sejamos consolados por Cristo, como afirma São Vicente de Paulo “Se lhe tivermos sido fiéis, podemos esperar que nessa hora Deus nos dirá: Muito bem, servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor: porque no pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei” (SVP, XI, p. 47).
Seminarista, Ramon Aurélio Jr. da Cunha
[1] Homília do Papa Francisco – Cemitério Prima Porta, Roma, quarta-feira, 2 de novembro de 2016.
[2] https://www.cnbb.org.br/finados-2/ acessado em 29/10/2020
[3] BÍBLIA de Jerusalém. Nova ed. rev. e ampl. 8. impr. São Paulo: Paulus, 2012.