[Artigo] O sentido da Pobreza em Vicente de Paulo
Logo que Vicente de Paulo começou a trabalhar com os Pobres em 1617, compreendeu que o verdadeiro sentido cristão da pobreza não tem sua raiz em si mesma, mas na solidariedade para com os pobres. A vivência cristã da pobreza só tem seu valor quando direcionada na solidariedade com aqueles que vivem na pobreza.
A pobreza em si mesma, é um mal. Pobreza matéria é a pobreza que desumaniza e deve ser combatida. Falamos aqui da pobreza como condição social padecida. A falta das condições básicas para se ter uma vida descente e digna. Esse tipo de pobreza existe. Os pobres existem. Pobreza material é rejeitada por Deus. Pobreza material é um fato social que desumaniza quem sofre. È também um fato social que desonra a sociedade que provoca ou tolera.
O Salmo 41 já assegurava: “Feliz aquele que pensa no Pobre e no desvalido”. Trata-se aqui da pobreza como fenômeno social a ser combatido. É o significado de “pobre” na definição mais comum dessa palavra.
A expressão “os pobres” provoca nos países ricos, o mesmo efeito que nos antigos romanos provocava a expressão “os bárbaros” confusão e pânico. Os romanos construíam muralhas, enviavam exércitos ás fronteiras para vigiá-las. Hoje, fazemos a mesma coisa de outros modos. Construímos muros, fazemos cercas de proteção, enchemos nossa janelas e portas de grades. A história diz que tudo isso é inútil.
A primeira atitude a ser colocada em prática é ter a coragem de quebrar esse vidro duplo, isto é, superar a indiferença e a insensibilidade. Deixar-se invadir pela indignação e ter uma sadia inquietação por causa da espantosa miséria que há no mundo.
Por Padre Mizael Donizetti Poggioli | Congregação da Missão
Artigo publicado na Revista Vicentina Adoremos, Maio.
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