A Caridade: Virtude e Horizonte de Vida do Vicentino
Nenhum movimento que se considere vicentino pode, de fato, sê-lo se a caridade não for o horizonte que o guie, que o conduza. A caridade, no cerne de nossa grande Família Vicentina, deve ser entendida na perspectiva do amor. Na verdade, amor e caridade, são palavras sinônimas e muitas vezes mal compreendidas. A caridade não é o simples fato de dar isto ou aquilo; aliás, é algo que transpassa a nossa compreensão. Na primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, em seu capítulo 13, podemos entender que sem o amor, traduzido também como caridade, nada somos.
O amor e a caridade são elementos constitutivos do ser – cristão e, portanto, do nosso ser – vicentinos. Na conferência de 6 de Dezembro de 1658, S. Vicente de Paulo, ao falar aos missionários a respeito da finalidade da Congregação da Missão, deixou claro aos Missionários que “Jesus Cristo é a regra da Missão”.
Ao compreendermos a espiritualidade de Vicente de Paulo como uma espiritualidade cristocêntrica, isto é, uma espiritualidade na qual Jesus Cristo é o centro, devemos entender que esta é a espiritualidade da caridade; visto que o próprio Vicente concluiu que Cristo veio ao mundo e passou toda sua vida servindo: “Vejam se não é – comenta Vicente de Paulo – quando veio a esse mundo escolheu como tarefa principal o “cuidar e assistir os Pobres”. E se perguntássemos a Jesus: O que viestes fazer aqui na terra? Ele responderia: Eu vim assistir aos Pobres. O que mais viestes fazer? E Ele responderia outra vez: Assistir aos Pobres. Se olharmos bem, veremos que Jesus não tinha outros em sua companhia a não ser os Pobres”. (SVP – Coste XI, 33-34).
O serviço de Jesus é a prova concreta de que n’Ele Deus se fez caridade por nós, em sua dimensão de serviço, e se entregou totalmente; dando-nos a mostra real de seu verdadeiro amor. Amor este que se revela na total doação de si mesmo. Nesta dinâmica, devemos compreender a caridade como a linha mestra de nossa ação vicentina; uma virtude para toda a Igreja; uma virtude teologal que, ao mesmo tempo, Deus quer se seja para nós uma virtude humana, um modo de vida. São Vicente, de diversos modos, quis que a vivêssemos na dimensão da continuidade do serviço de Jesus Cristo.
Esta é a virtude que rege, que guia e que direciona a nossa ação para o bem. Sem ela, o nosso esforço apostólico e as nossas tentativas de seguir Jesus tornam-se meios egoístas de mostrarmos a nós mesmos. A caridade é a força que nos insere no movimento vicentino da misericórdia e compaixão.
Por: Pe. Denílson Matias
Congregação da Missão
Artigo publicado na Revista Vicentina Adoremos, edição 1004, ano 102.
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