2023: um ano de muito trabalho
O ano de 2023 se finda e o Conselho Nacional do Brasil (CNB) investiu quase R$ 2,5 milhões em prol dos Pobres. Além dos Projetos Sociais, Todos Somos Um e as ajudas humanitárias, o CNB criou novos programas de auxílio às famílias. O nosso Presidente, confrade Márcio José da Silva, faz um balanço sobre o ano e vislumbra algumas ações para 2024.
“Começamos um trabalho de conscientizar que só a cesta básica não é mais o suficiente. Ozanam começou com um feixe de lenha, a gente teve que mudar para cesta básica e, agora, já passamos da
época de mudar da cesta básica, porque ela não vai tirar o Pobre da vulnerabilidade. Ela vai dar o acalanto no momento, mas se não investirmos nos Pobres, não os profissionalizarmos para que sejam protagonistas das suas vidas e das suas famílias, eles não saem da situação de vulnerabilidade. É preciso que eles tenham condições de mudar. O Pobre precisa conseguir concorrer com uma pessoa mais abastada numa entrevista de emprego, por exemplo”, afirma.
E pensando nisso, em 2023, o CNB criou o Investindo na Vida, que está levando a assistidos a chance de se profissionalizarem, por meio do subsídio de cursos técnicos e universitários. Neste primeiro ano, quatro assistidas foram contempladas: Bianca Ferraz, de 18 anos, de Guareí/SP, com a faculdade de Psicologia; Anita da Silva Asevedo, de 17 anos, de São Gonçalo/RJ, e Suelen Cristina de Moura, 26 anos, de Maringá/PR, com curso de técnica em Enfermagem; e a a mineira, de Juiz de Fora, Lays Gabrielle de Jesus Souza, de 19 anos, com o curso de Engenharia de Produção.
Para Suelen Cristina de Moura, o Investindo na Vida significa um recomeço. Casada com Daniel e mãe de Arthur, 10 anos, Heitor, 8, e Annalu, 3, ela fazia o curso de técnico em Enfermagem, quando seu marido faleceu em um acidente em 2020 e ela precisou parar de estudar. “Eu tive que largar tudo para cuidar dos meus filhos e trabalhar. Retomei o curso em julho, com ajuda dos vicentinos e vou poder realizar meu sonho”. Os planos dela para o futuro são simples em palavras, mas complexos em ações: “Quero exercer a profissão, trabalhar certinho, com honestidade e criar minhas crianças com amor e dignidade”, finaliza ela que hoje é atendida pela Conferência Santa Rita de Cássia.
O confrade Márcio é enfático: “Precisamos investir e o Investindo na Vida busca isso, quebrar o ciclo que temos dentro da SSVP, em que hoje atendemos os pais, depois os filhos e depois os netos. Porque não investimos nos pais, nos filhos e os netos continuam precisando. Criar esses novos projetos visa justamente isso. Criar nos vicentinos essa visão de que precisamos ir para águas mais profundas, além da cesta básica. Temos também que orientar nossos Pobres sobre os direitos legais deles. Precisamos nos adaptar aos novos tempos, sem deixar de levar a cesta básica. Temos que atender a todos, jovem, adultos, católicos ou não. Nenhuma caridade é estranha à SSVP. Quero ver a Suelen e os as outras selecionadas e os que virão se formarem, conseguirem seus empregos e serem protagonistas das suas vidas, poderem comprar os mantimentos da casa, o material escolar dos filhos e tudo o que precisarem”.
“Os invisíveis”
Se nenhuma caridade é estranha à SSVP, a prova disso é o trabalho realizado pelo Banho Solidário para pessoas em situação de rua, que começou em Juiz de Fora/MG, por ação de uma Unidade, e que o CNB decidiu espalhar pelo Brasil. No ano passado, o Conselho Central de Ipatinga/MG foi escolhido e neste ano, São Paulo e Brasília foram contemplados.
“Depois da pandemia, a situação das pessoas em situação de rua aumentou demais. E precisamos inovar o Projeto, que neste ano não contemplou não só o trailler, mas também adaptações para as sedes vicentinas, pois elas têm que estar abertas aos Pobres, porque são a casa deles”, questiona.
Segundo o presidente, as sedes precisam ser usadas para os Pobres e não apenas para as reuniões. “Temos o exemplo em Cambé/PR, onde o Conselho Central, que fez parceria com uma organização,
abriu as portas e hoje tem um Projeto Social com 300 jovens. Então, se você tem uma sede, invista nela para os Pobres”, comenta.
A caridade não pode ser estranha à SSVP nem no tipo de ajuda. “Temos que olhar para a caridade material, espiritual, psicológica. Nesse sentido, temos a Rede de Afeto, porque às vezes a pessoa não
precisa da cesta básica, da formação, não está em situação de rua, mas precisa de alguém para conversar. Para isso, temos 27 psicólogos que estão aí para ajudar, tanto os vicentinos, quanto os assistidos”.
Moradia
O Projeto 13 Casas, encabeçado pela Família Vicentina, por meio de parcerias, teve seu primeiro edital, pelo CNB, neste ano. “As nossas famílias não têm casa para morar e os vicentinos sempre trabalharam
isso de maneira isolada, então, resolvemos seguir o Projeto. Se você não tem a Família Vicentina na região, pode ter parcerias com a Igreja, iniciativa privada. Cada um contribui com um pouco e assim podemos chegar a mais pessoas”, conta.
Obras Unidas
As Obras Unidas também foram atendidas pelo Projeto “Todos Somos Um”. “Quando chegou a pandemia, tivemos que usar um valor menor por Obras para poder ajudar mais e restringir às compras aos itens de higiene e segurança para a ocasião. Neste ano conseguimos voltar ao modelo original, com algumas diferenças. Dividimos os projetos por valores (até R$ 5 mil, até R$ 10 mil e até R$ 20 mil) para dar ajuda financeira às nossas Obras Unidas, sejam elas quais forem. Por exemplo, se um asilo quiser fazer uma sala de fisioterapia, uma adaptação de banheiro, um muro, comprar colchões, basta fazer o Projeto e mandar ao CNB para a seleção”, conta.
Ajuda
Neste ano, a ajuda emergencial a vários estados, como Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul. Dentro do cenário internacional, a partir deste ano, o Brasil ajudará Uruguai, Paraguai, São Tomé e Príncipe e Venezuela. O Brasil ainda sediou em 2023 o Encontro Territorial, em maio. “É uma troca de experiência muito forte. O que se espera, inclusive por par- te do Conselho Geral Internacional, é que o Brasil realmente seja uma liderança no território e isso não estava acontecendo. Afinal, somos o maior país vicentino do mundo e estamos nos preparando para assumir esse papel”, afirma.
E essa é uma discussão saudável, independe das divergências. “Nos despedimos do primeiro brasileiro a comandar o GCI, confrade Renato Lima, mas o país segue representado no Conselho, em vários postos. O Brasil agora realmente vai para o CGI para a discussão saudável. Quero agradecer a parceria com o CGI, foi um balanço muito positivo, essa presidência do confrade Renato foi muito positiva, ele desceu para a base, mostrando o que é o CGI. Saiu um brasileiro e entra um espanhol, mas deixamos a nossa marca e somos unidos ao CGI”, enfatiza.
Mas de onde vem esse montante para promover tantos projetos e ajuda aos Pobres? Dos próprios vicentinos, explica Márcio: “Vem da Contribuição da Solidariedade, da ducentésima e meia paga pelos nossos lares, das décimas pagas pelas Unidades, ou seja, de todos os vicentinos do país. E aí reparte para os que mais precisam. Vamos dar um exemplo, temos 531 lares no Brasil, 180 desses não recebem um
centavo do Poder Público e vivem com o dinheiro do idoso. A conta não fecha. Então, as Unidades têm que fazer promoções e o CNB, investir. O dinheiro que vem das outras Obras é o que ajuda. E se a Obra
for abastada e tiver projeto, ela recebe. O dinheiro é gasto com o Pobre. Somos uma família e não cada um por si.”
2024
Segundo o Presidente, a ideia é sempre aumentar os valores investidos nos programas e criar novos. Em termos de cooperação internacional, os intercâmbios culturais vão seguir fortificados, com a ajuda fraternal. “Em termos de Missões, por exemplo, vamos contratar uma escola de espanhol para ensinar nossos missionários para passarem sua experiência. Já com a Juventude, vamos trazer os coordenadores
destes países para o Fórum Nacional da Juventude de 2024. Teremos também vários eventos e programação. Será um ano produtivo, certamente”, finaliza.