VI DIA MUNDIAL DOS POBRES
“Estende a tua mão ao pobre” (Sir 7, 32)
Caríssimos irmãos e irmãs em São Vicente de Paulo. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado.
Neste dia 15 de novembro, que antecede a solenidade de Cristo Rei do Universo, o Papa Francisco nos convida a celebrar o Dia Mundial dos Pobres. É uma celebração que se tornou uma característica fundamental em seu pontificado e nas suas práxis. O convite é simples, e parte da iniciativa de cada comunidade cristã a estender a mão para os Pobres (Cf. Sir 7,32). Este dia não deve ser visto como um dia qualquer, mas deve lembrar a cada cristão e cristã o compromisso com aqueles que estão às margens da sociedade e que sofrem diante de um mundo cada vez mais exclusivista, individualista e descompromissado com a justiça social e com a caridade. Neste tempo de pandemia, a pobreza aderiu diversos novos rostos, exigindo ainda mais uma atenção sensível ao sofrimento dos irmãos e irmãs pobres, nossos Mestres e Senhores.
Ao ler o livro de Ben-Sirac (Eclesiástico), do qual retira-se o lema deste ano para o Dia Mundial do Pobres, ver-se-á que a sabedoria, personagem marcante desta trama, concederá ao leitor atento as bases para entender as formas concretas que a Tradição Sapiencial foi se concretizando na História. Neste sentido, podemos comparar a Sabedoria do Antigo testamento com as atitudes de Jesus no Novo Testamento. Veremos que, a resistência profética-sapiencial de Jesus é profunda, identifica-o com a Tradição Sapiencial e lhe caracterizara como sábio e profeta. Neste sentido, a prática sapiencial de Jesus apresenta-se em suas atitudes diante dos fariseus e escribas, denominados de “sábios”. As atitudes de Jesus frente às pessoas, sobretudo aos pobres, excluídos, a mulher, o órfão e outros rostos rechaçados revelam seu caráter sapiencial ao agradecer a Deus por revelar a sabedoria aos pequenos aos humildes (Cf. Mt 11,25). A experiência de Jesus lhe dá um olhar novo para ver o todo de Deus. Suas atitudes revelam o amor do Pai para com todas as pessoas, sobretudo sua preferência pelos pobres e excluídos.
Ben-Sirac nos ajuda na reflexão sapiencial e sugere ações práticas concretas neste Dia Mundial dos Pobres. Destaco três ações apresentadas pelo Papa Francisco para este IV dia Mundial dos Pobres: proximidade, solidariedade e consciência.
- Proximidade – Recordo a Campanha da Fraternidade deste ano: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Cf, Lc 10,33-34). A atitude do Bom Samaritano nos provoca a nos aproximar dos maios pobres, a servi-los, e a promove-los. Enquanto SSVP, esta proximidade com o mundo dos Pobres, não se restringe a exclusividade de apenas um dia, mas algo que se dá todos os dias do ano. Somos convidados a fazermo-nos próximos, presença amorosa de serviço àqueles que estão à beira do caminho e estender a nossa mão aos mais sofridos, a exemplo de São Vicente de Paulo e Frederico Ozanam.
- Solidariedade – Esta é uma virtude inseparável do discípulo-missionário de Jesus Cristo. Enraizado em profunda oração, estando próximo de Deus, fazemo-nos solidários aos pobres. Nas palavras do Papa está é “virtude moral e comportamento social, fruto da conversão pessoal, exige empenho por parte duma multiplicidade de sujeitos que detêm responsabilidades de carácter educativo e formativo” (FT, n. 114).
- Consciência – Na dimensão sociocultural, chamo-vos atenção para o este dia 15, no qual, realizamos em nosso país as eleições municipais. Neste sentido, interpelo-vos a criarem e a promoverem “novos atores sociais com sensibilidade à diferença, ao reconhecimento e afirmação das alteridades, suscitando também muitas reivindicações pelos direitos” dos pobres e que visam uma política da promoção humana e da cultura do cuidado com a natureza, nossa casa comum. É momento de sermos coerentes com o Evangelho, não só em nossas palavras, como também ao votar para os governantes dos próximos anos de nossos estados. É preciso criar em nós uma consciência e um compromisso com pessoas que valorizem o direito e a justiça para os mais pobres.
Desta maneira, convido a todos a nos aproximarmos dos pobres, sermos solidários e sensíveis as suas dores e, tomando consciência de que Jesus faz uma opção preferencial pelos pobres, sejamos capazes de optar por políticas públicas que favoreçam este compromisso a luz do nosso carisma. Que as palavras do Papa Francisco para IV dia Mundial dos Pobres, não só faça raiz em nossos corações, mas nos interpele a desenvolver ainda mais inventivas atitudes em benefícios dos nossos irmãos e irmãs sofridos, pregados diariamente na cruz da injustiça. Por fim, convido a rezarmos esta bela canção do Padre Zezinho intitulada: Oração dos Pobres sem voz e nem vez
A gente vive de saber sobreviver
A gente vive de teimoso até morrer
E se a fome não mata
Machuca demais
A gente esconde então numa periferia
E pede justiça, mas ela não vem
A gente cansa de esperar um novo dia
Persegue a chance, se sente ninguém
A gente grande não tem nada pra fazer
A criançada não tem nada pra comer
Se esta vida não mata
Machuca demais
Pai nosso gritamos o teu nome
Pai nosso teu povo passa fome
Sem. Ramon Aurélio, CM