Tempo e Amor!
Todos nós sabemos que, para ser considerado vicentino, precisamos reunir algumas condições para sermos proclamados “membros ativos” da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), dentre elas: ser católico, estar em sintonia com os preceitos da Santa Igreja, poder receber os sacramentos, pertencer a uma Conferência, executar a visita domiciliar (ou outro trabalho de caridade), seguir a Regra e participar dos eventos de formação que os Conselhos nos oferecem. Contudo, há dois elementos que podem ser classificados como prioritários na caminhada vicentina: o tempo e o amor.
Ter disponibilidade de tempo é, atualmente, o maior desafio da humanidade e, portanto, uma das coisas mais difíceis de se encontrar em qualquer segmento social ou profissional. O mundo moderno absorve todo o tempo que temos para os inúmeros afazeres que desempenhamos em nossa vida pessoal, familiar, estudantil e laboral. É comum escutarmos a frase “não tenho tempo”. Tal postura também afeta o trabalho de caridade da SSVP, pois, com menos membros e voluntários, a tendência é de que façamos menos pelo próximo, e assim colaboraremos menos com as ações de redução da pobreza e no avanço da evangelização.
Nossos eventos também estão sendo impactados devido à falta de tempo das pessoas. Já não se percebe a mesma audiência do passado nos cursos e iniciativas dos Conselhos. Todos dizem “estou sem tempo”. As razões, em geral, têm a ver com a falta de tempo ou ao “choque de agendas” (desculpa elegante para dizer “não tenho tempo”). Para fazer a caridade, precisamos reservar tempo nas nossas vidas pessoais para poder dedicá-lo aos que necessitam da nossa mão amiga e dos nossos aconselhamentos. Um vicentino sem tempo é um vicentino pela metade.
O segundo elemento fundamental para que a caridade seja fluida e eficaz é o amor. Sem amor, a caridade não é verdadeira (“Sem caridade, nada sou” – 1ª Coríntios 13, 2) e nem produzirá resultados (como dizia Santo Tomás de Aquino). Esse tipo de ação artificial, sem amor, reduz-se à mera filantropia ou assistencialismo. Sem o amor de Jesus Cristo, pratica-se uma espécie de “caridade mecânica”, tradicional e apenas focada na entrega de bens materiais, sem o elemento da compaixão, do serviço e da solidariedade. Para se promover a caridade real, deve-se estar inundado de amor no coração e na alma. Isso parece óbvio, mas nem sempre acontece. Quantas vezes os pobres são humilhados pelos comentários preconceituosos, por nossas lições de moral e por nossa arrogância? Um vicentino sem amor é um vicentino “fake” (falso).
Portanto, queridos confrades e consócias, tempo e amor são as condições básicas para ser um bom vicentino. Essas qualidades devem ser as primeiras a serem requeridas aos aspirantes que estão conhecendo nossa entidade.
Cfd Renato Lima
16º Presidente Geral da SSVP