Renato Lima faz balanço de sua gestão no Conselho Geral Internacional
Este é um ano importante para o Conselho Geral Internacional: em junho acontece a eleição do novo presidente. Com isso, o primeiro brasileiro a assumir o CGI, confrade Renato de Oliveira Lima, o 16º Presidente-geral, deixa o cargo, aos 52 anos, depois de sete anos de muito trabalho e realizações, como conta nesta entrevista. Jornalista, confrade Renato é vicentino há 37 anos, e integra a Conferência Mãe da Divina Misericórdia, em Brasília/DF. A Renato, todo o reconhecimento da SSVP Brasil, agradecimento pela parceria nesses sete anos e, principalmente, o desejo de um futuro vicentino ainda mais brilhante.
1. Qual a maior marca que sua gestão deixa?
Ao finalizar o nosso mandato, penso que podemos elencar algumas características que marcaram a nossa gestão à frente do Conselho Geral Internacional. Os avanços nas áreas de formação, comunicação, juventude e gestão administrativa são sempre lembrados por onde vou. A retomada das Cartas-circulares, as visitas missionárias a 50 países, a criação da Ouvidoria-geral e a aquisição da nova sede em Paris também nos dão muito orgulho. Outros pontos que merecem destaque são o processo de canonização de Ozanam, maior presença no Vaticano e nas Nações Unidas, expansão da SSVP para oito novos territórios e o legado dos sete fundadores. Mas acredito que a marca mais significativa deste mandato tenha sido a aproximação do Presidente-geral e do próprio Conselho Geral junto às bases, estando mais perto dos confrades e das consócias, provendo serviços aos Conselhos Nacionais. Hoje, o Conselho Geral é mais querido, mais amado, mais valorizado, e isso é um sinal de que o nosso ministério foi profícuo.
2. Qual foi o maior desafio?
Graças ao Bom Deus, os desafios que se apresentaram foram superados com muita oração, trabalho e determinação. No caso da pandemia, contornamos a crise sanitária com responsabilidade, mantendo em dia os trabalhos do Conselho Geral. Por exemplo, foi em plena pandemia que os documentos do possível segundo milagre atribuído ao Beato Ozanam chegaram, pelas minhas mãos, ainda sem vacina, a Roma. Também enfrentamos vários desafios internos, no âmbito dos Conselhos Nacionais, relacionados à formação, eleições, qualidade dos normativos e situação econômica. Porém, creio piamente que houve muito mais a se comemorar do que a lamentar. Desafios são naturais em qualquer administração, mas o que deve prevalecer são as conquistas e realizações, e nesse sentido, creio que avançamos bastante.
3. O que significa para o Brasil ter um presidente no CGI?
Acredito que tenha sido uma imensa honra para o Brasil ter um de seus confrades sendo eleito Presidente-geral. Procurei, durante o mandato, dignificar o povo brasileiro e a SSVP do Brasil, mostrando que um latino-americano, jovem com 45 anos de idade quando fui eleito, vindo de um país em desenvolvimento, teria condições técnicas, morais e espirituais para exercer tamanha responsabilidade em quase 200 anos de existência da nossa Sociedade. Levei o nome do Brasil para todo o planeta e acho que cumpri bem com essa missão. Não me deixei afetar por comentários injustos sobre o meu estilo de trabalho e procurei responder às eventuais críticas com muita caridade, perdão e paixão pela Sociedade de São Vicente de Paulo. Como brasileiros, não desistimos nunca!
4. A SSVP está fazendo 190 anos, omo foi manter suas tradições e ao mesmo tempo corresponder com o mundo moderno?
Quando a SSVP foi fundada, há 190 anos, a França vivia uma crise religiosa, ampliada pela caótica situação social, econômica e política. Qualquer semelhança com os tempos atuais não é mera coincidência. Por isso, a missão da SSVP continua a mesma: ser sinal de Cristo para os mais necessitados, e ao mesmo tempo ser uma chama de santidade para converter o coração das pessoas. Esse binômio (espiritualidade e solidariedade) é urgente para os dias de hoje, num mundo repleto de materialismo, egoísmo e de doutrinas ideológicas e políticas contrárias ao Evangelho. Ser vicentino, atualmente, é bem mais difícil que no passado. Por isso, precisamos a força e da coragem que provêem dos nossos sete pais fundadores. Beber nesta fonte é manter as nossas tradições, pondo as mãos no presente e projetando a mente para o futuro.