Promover a dignidade e integridade do homem
Olhar, acolher, dialogar e acompanhar! Alguns verbos que nos impulsionam para a ação! O padre Vicente de Paulo, nosso querido patrono são Vicente de Paulo foi atravessado há 405 pelo sopro do Espírito Santo ao permitir que a presença de Deus tocasse seu ser e ao ser tocado por Deus, Vicente olhou, acolheu, dialogou e propôs um acompanhamento. Falar de dignidade é resgatar o nosso ato fundacional e com ele resgatar a base de nossa espiritualidade vicentina – uma espiritualidade cristocentrica.
Saber interpretar os sinais dos tempos e, com a presença do Espírito Santo, assumir nosso lugar no mundo. Somos chamados a transformar e gerar um novo estilo de vida. Além da pobreza visível decorrente de toda crise social, econômica, financeira… a crise existencial pode adentrar no mais íntimo das pessoas e provocar uma paralisia. Acreditávamos ser livres, mas a Covid-19, um ser invisível, limitou nossa liberdade; estremeceu a dignidade e integridade de muitos. Deparamos com um grande desequilíbrio na humanidade.
Frente a este cenário, algumas questões se apresentam e demandam respostas: Como as pessoas têm se sentido? Quais os impactos dessas mudanças inesperadas na vida das pessoas? Como as pessoas têm buscado enfrentar as mudanças? Como está a saúde mental das pessoas? Como manter o equilíbrio mesmo diante da crise econômica, social, educacional, sanitária?
Para enfrentarmos estas condições adversas, o Papa Francisco nos convida a não ter medo. Interpela-nos a sermos pessoas de fé, confiantes em Deus. Ele nos convoca a abrir o nosso coração, convida-nos a sermos mais solidários e fazer o bem, a resgatar a esperança, oferecer uma possibilidade de luz diante de tanto sofrimento. É o Papa Francisco quem nos diz que “O Senhor interpela-nos e, no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e a esperança, capazes de dar solidez, apoio e significado a estas horas em que tudo parece naufragar”.
Num contexto onde os valores individuais tendem a significar mais do que o coletivo, o sentido de pertença a uma comunidade, encontrar alguém de que se dispõe a cuidar de forma genuína faz a principal diferença.
O testemunho de Maria – Mãe de Jesus – é uma lição permanente para todos nós seres humanos, cristãos e vicentinos, sobretudo no que se refere ao dom inigualável de servir. A prova incontestável de tal afirmação está no acontecimento marcante da “Visita de Maria a sua prima Isabel”, quando: “Naqueles dias, Maria partiu apressadamente a uma cidade de Judá. Ela entrou na casa (…) e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. (…) Maria ficou três meses com Isabel. Depois, voltou para sua casa” (Lc 1, 39-41; 49).
O gesto de Maria nos ensina a prática sublime da solicitude, que é a demonstração concreta do interesse em ajudar, cuidar ou zelar de quem precisa, com eficácia, como fez Maria para Isabel.
No contexto vivido, ou seja, o final da gravidez de Isabel, a Virgem Santíssima teve três atitudes singulares:
1ª. Conhecendo a realidade da prima, foi ao seu encontro, visto que “partiu apressadamente” para oferecer a sua presença;
2ª. Quando chegou para visitar Isabel deu – e deixou – um sinal visível de Deus, pois “Ela entrou na casa (…) e a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo”.
3ª. Permaneceu na casa ajudando e sem pressa de ir embora, porque “(…) Maria ficou três meses com Isabel”.
Assim, Maria nos faz aprender que no relacionamento com os Pobres são indispensáveis a firme disposição para: saber da situação do empobrecido; ir ao seu encontro; prestar ajuda eficaz; agir, tendo senso de urgência diante das necessidades do próximo; dar da presença, que significa a partilha, especialmente do tempo; ser um sinal forte de Deus; e não ter pressa durante as visitas na casa do Pobre. Podemos admitir que são ensinamentos simples, mas a caridade é feita – prioritariamente – com simplicidade.
Dar voz e vez para as pessoas possibilita um despertar de dons e potenciais muitas vezes não visíveis. “Três palavras resumem a atitude de Maria: a escuta, a decisão e a ação… Palavras que também indicam um caminho para nós diante daquilo que o Senhor nos pede na vida” (Papa Francisco).
Somos chamados diariamente a promover a dignidade das pessoas como seres humano e filhos de Deus, por meio de um cuidado solidário, afetivo, respeitoso, colaborando para o ressignificado do seu valor, do seu potencial para a felicidade, da sua inteligência, do seu sentimento de pertença no mundo da vida.
Consócia Ada Ferreira
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