O Confrade Cientista
Conheça um pouco sobre a vida do 13º Presidente-geral
Ele nasceu em 6 de junho de 1932, e desde os 13 anos de idade, como adolescente, já fazia parte da Sociedade de São Vicente de Paulo. Participou de inúmeras Conferências juvenis, em Portugal e também na Inglaterra, onde estudou durante alguns anos. Mas César Augusto Nunes Viana não era apenas confrade da SSVP. Também atuou como voluntário junto às prisões, ao fazer visitas aos detentos, e colaborava com as pessoas que lutavam contra o vício do alcoolismo.
Enquanto era moço ainda, exerceu diversos encargos nas Comissões de Jovens, tendo sido o primeiro coordenador nacional da juventude de Portugal. Neste trabalho, representou o país em diversos eventos internacionais, como a 1ª Assembleia Mundial da Juventude Vicentina, em Paris (1960), e o 7º Encontro Internacional de Jovens, em Carcavelos (Portugal), em 1969. Também ocupou a posição de Vice-presidente do Conselho Particular de Lisboa.
Em Portugal, até os anos 1970, havia dois Conselhos Superiores, assim como em diversos outros países: um masculino e outro feminino. César Augusto foi o último presidente do Conselho Superior Masculino (1973-1976), e depois da fusão com as consócias, foi o primeiro presidente do Conselho Nacional de Portugal (1976-1983). Ele participou da Assembleia do Conselho Geral realizada na Irlanda (1973), quando a segunda Regra da SSVP foi aprovada.
Em 24 de maio de 1993, o querido confrade César Augusto foi eleito 13º Presidente-geral da SSVP, o primeiro não francês desde Bailly de Surcy em 1839. A cerimônia de posse ocorreu no dia 27 de setembro de 1993, na Capela de São Vicente de Paulo, em Paris. Durante o seu período, o papa João Paulo II beatificou o confrade Antônio-Frederico Ozanam, em 22 de agosto de 1997. César terminou o seu mandato em 9 de setembro de 1999.
Sua vida estudantil foi irretocável. O confrade César Augusto formou-se em Ciências Físico-Químicas em 1952, pela Universidade de Lisboa. Possuía dois doutorados em Química, um obtido na Inglaterra (1966) e outro em Portugal (1969). Dedicou sua vida profissional à pesquisa e aos estudos, sendo professor catedrático, renomado em Portugal e em toda a Europa.
Ele deu aulas de Química e Bioquímica na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa durante muitos anos. Seu currículo acadêmico é invejável, repleto de atuações na área científica, por exemplo, ao ser presidente da Sociedade Portuguesa de Eletroquímica (1987-1989). Ele coordenou e orientou numerosos seminários, monografias, estágios científicos e dissertações de mestrado e de doutorado em temas de Química Cinética e de Eletroquímica. Foi ainda coordenador do Mestrado em Eletroquímica Aplicada.
Um dos seus estudos mais conhecidos destacava o papel da água como solvente. Ele foi autor de diversos livros escritos em português, inglês e espanhol. Suas publicações mais famosas foram elaboradas, em coautoria com outros especialistas, entre 1982 e 1995, e versavam sobre temas ligados à Química, como pressão, solventes, cinética, volume, ionização, temperatura e reações gasosas. O confrade e professor César, como podemos perceber, era um amante das Ciências, assim como o confrade e professor Ozanam.
Nunes Viana só deixou de ser confrade vicentino quando veio a falecer, em 13 de agosto de 2004, aos 72 anos de idade. Ele encontrava-se com a esposa, em Córdoba (Espanha), em férias. Ele era casado com Dona Henriqueta. O casal tinha seis filhos e oito netos àquela altura. Seu funeral aconteceu no dia 16 de agosto, em Lisboa, quando centenas de pessoas acompanharam as cerimônias fúnebres, entre vicentinos, acadêmicos, ex-alunos, funcionários da universidade, cientistas, jornalistas, parentes e amigos.
Tive o privilégio de encontrar-me com o querido e saudoso confrade César Augusto Nunes Viana em duas ocasiões. A primeira foi em 1994, ele passou rapidamente por Brasília e Goiânia, a caminho do Rio de Janeiro, para participar do Encontro Ibero-americano da SSVP. Fomos juntos à Catedral de Brasília e coube a mim explicar ao querido Presidente-geral sobre a arquitetura do local.
A segunda oportunidade ocorreu em 2001. Foi num jantar em Roma, com a presença dele e do confrade Huáscar Nabuco, então Vice-presidente Geral. Eu ficava a escutá-lo, aprendendo com ele. Para mim, o confrade César foi um excelente Presidente-geral, que soube dignificar sobremaneira o cargo que ocupava, com serenidade, zelo, dedicação, lealdade e, acima de tudo, paixão. Valores que nem sempre encontramos mais por aí.
Sinto muitas saudades do mestre, do humanista, do cientista, do católico exemplar e do vicentino amoroso que foi o presidente Nunes Viana. Não esqueceremos jamais as virtudes dele. Miro-me nos seus exemplos! Daí do Paraíso, na Conferência Celestial, olhe por nós aqui na Terra!
Confrade Renato Lima de Oliveira
16º Presidente-geral