Nota da Arquidiocese de Belo Horizonte sobre a mineração na Serra da Piedade
As belezas e riquezas paisagísticas, históricas, sacras e culturais da Serra da Piedade, território da Padroeira de Minas Gerais – patrimônio de todos os mineiros – estão ameaçadas. A decisão do Conselho da Câmara de Atividade Minerária – órgão da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, abre uma grande ferida no coração de Minas com graves consequências para os mineiros. Na audiência desta sexta-feira, dia 22, o Conselho aprovou licença para atividades de mineração na Serra da Piedade.
Não é possível que as sucessivas e recentes tragédias ocorridas em Minas Gerais sejam ignoradas, a ponto de se correr o risco de repeti-las. Como explicar essa decisão? Qual a justificativa para a aprovação desse licenciamento?
A Arquidiocese de Belo Horizonte não consegue entender o resultado da reunião do Conselho. Lamenta profundamente, mas prossegue de forma decidida e firme na defesa da Serra da Piedade, reserva da biosfera reconhecida pela Unesco, patrimônio religioso, natural, histórico e artístico. A decisão do Conselho causa tristeza e perplexidade, mas a esperança e a confiança permanecem e se renovam com o gesto efetivo e de valor da Assembleia Legislativa de Minas Gerais: de modo unânime, a partir da sensibilidade política dos parlamentares, aprovou, neste mesmo dia, novas regras para o licenciamento de barragens no Estado.
Nesse caminho, o povo mineiro, sem tréguas e perseverante, está convocado a participar, jurídica, técnica e democraticamente, desta luta que permanece até que o bem, a verdade e o zelo pela sustentabilidade vençam. Minas não pode mais ser a mesma. Agora é hora de diálogos e de fidelidade às tradições mineiras. O tempo novo virá. Brotos de esperança florescerão para tirar a sociedade da lama – tornando-a um jardim de fraternidade.
Por Arquidiocese de Belo Horizonte