No Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, SSVP relembra o seu papel na missão de um mundo mais justo
A pobreza possui diversas faces, mas a principal é caracterizada por aquele indivíduo que vive com um nível de renda, consumo per capita de sua família ou domicílio, abaixo do mínimo essencial para suprir as necessidades humanas básicas. Esse nível é chamado de “limite de pobreza”.
De acordo com o Banco Mundial, a linha da pobreza é avaliada em US$ 1,90 diário, ou seja, R$ 10,12 (valor referente a cotação no momento da apuração da matéria). O critério foi adotado para identificar a condição de extrema pobreza no mundo.
Segundo o Mapa da Nova Pobreza, desenvolvido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) Social, o número de brasileiros com renda per capita de até R$ 497 atingiu a marca de 62,9 milhões de pessoas em 2021, representando 29,6% da população do país. O levantamento é baseado nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No Brasil, o salário mínimo ideal para um família de quatro pessoas deveria ser de R$ 6.754,33, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O cálculo considera o acesso a itens necessários, como moradia, transporte, alimentação, saúde, educação, vestuário e outros. O salário mínimo atual é de R$ 1.212.
E, falar de pobreza no Brasil, é falar sobre o trabalho que a SSVP realiza. A Sociedade tenta suprir um problema que vem desde os primórdios da existência do nosso país e que infelizmente o Poder Público não supre. A data de hoje, nas palavras do Presidente do Conselho Nacional do Brasil, confrade Márcio da Silva, não deveria ser comemorada, uma vez que a pobreza não deveria existir.
“Deveria existir o suficiente para todo mundo, nem mais e nem menos. Mas é levando isso para a Sociedade de São Vicente de Paulo que este ano, um ano muito especial, completamos os 150 anos de fundação”, conta o confrade Márcio.
Desde a sua fundação, a SSVP vem trabalhando incansavelmente para erradicar a pobreza no Brasil. “Não é fácil, mas nós estamos aí diariamente, ajudando várias famílias, pessoas, idosos em nossos lares. Várias crianças nas nossas creches. Muitas pessoas em nossos hospitais. E eu fico imaginando o quanto de coisa boa a Sociedade São Vicente de Paulo já trabalhou nesses 150 anos no Brasil”, relembra o confrade.
O presidente destaca que são anos de trabalho de vocação, dedicados a atender os preferidos de Deus, Mestres e Senhores, os Pobres. “Deus deu essa vocação para todos nós, os 122.000 vicentinos que existem no Brasil, Deus deu a vocação de trabalharmos em prol dos nossos Mestres e Senhores. Então, falar do Dia Internacional da Erradicação da Pobreza é isso, é falar de Sociedade de São Vicente de Paulo, porque esse é o nosso trabalho diariamente”, reforça Márcio.
A gestão do confrade Márcio, iniciada em janeiro de 2022, busca navegar em ‘Águas Mais Profundas’: “nós sabemos que levar somente a cesta básica não vai radicar a pobreza no mundo e nem no Brasil. Nós precisamos avançar, precisamos profissionalizar nossas famílias, nossos adolescentes e todos os que estão em estado de vulnerabilidade”.
Márcio explica a lógica por trás da ação que a SSVP quer promover no Brasil: “nós não podemos atender o pai e a mãe hoje e, daqui a cinco, seis anos, atender o filho ou os netos. Precisamos cortar esse mal pela raiz logo quando você começa a atender os pais. Queremos profissionalizar esses pais para que eles possam ser protagonistas na vida do filho deles. Não nós vicentinos. Nós não podemos na Páscoa, no Natal, no Ano Novo, no Dia das Crianças, na época do material escolar, que a mãe e o pai cheguem para o filho e falem que nós que fizemos, mas sim profissionalizar os pais para que eles trabalhem e proporcionem isso para os seus filhos.“
A SSVP quer erradicar a pobreza do país tornando os assistidos protagonistas da própria vida, dando condições para que todos tenham as mesmas chances, seja no mercado de trabalho, na escola e na sociedade em geral. “Isso é erradicar a pobreza. É isso que a gente está lutando para acontecer. Nós começamos um trabalho muito firme no dia 9 de janeiro desse ano, um trabalho que já tinha sido começado pela gestão anterior, do confrade Cristian. Trabalhamos bastante para que isso aconteça, para que a gente consiga promover as nossas famílias de uma forma que eles não necessitem mais da nossa ajuda e que eles consigam se sustentar com o suor do rosto dele e a força do braço deles”, reforça o Presidente.
E Márcio acredita que tudo isso será possível a partir do momento que os assistidos sejam promovidos, com apoio da SSVP. “Quando a gente conseguir que eles cheguem em uma entrevista de emprego, que tenham a mesma oportunidade de todos que estão ali, que eles não se sintam mais vulneráveis porque eles não tiveram uma formação ou uma profissionalização. É isso que essa gestão quer. É isso que é erradicação de pobreza. É isso que a gente precisa fazer”, finaliza o confrade Márcio.
No mundo
No exterior, a pobreza também é uma realidade. Segundo as previsões do Banco Mundial, até o final de 2022, 115 milhões de pessoas estarão vivendo com menos de US$ 1,90 por dia, limite da linha da pobreza. Contudo, a SSVP também tem fortes bases internacionais, que lutam para dar condições necessárias para aqueles que mais precisam.
“Na sede do Conselho Geral, em Paris, recebemos relatórios anuais oriundos dos 153 territórios que integram a nossa Confederação. A SSVP tem uma atuação muito propositiva em todos os lugares do planeta a favor dos mais necessitados. A visita domiciliar é a ação de caridade mais significativa, mas não é a única. A ação social junto às pessoas sem-teto, por exemplo, cresce a cada ano, e as obras assistenciais ligadas às crianças, aos idosos e às mulheres abandonadas também merecem destaque. A caridade vicentina é muito ampla, variada, diversificada e criativa. Em cada país que já visitei nesses seis anos de mandato, já vi projetos e iniciativas muito interessantes, inclusive na África, onde se faz caridade até sem dinheiro, por exemplo, através de cursos profissionalizantes para conserto de bicicletas e de motocicletas, tudo patrocinado pela SSVP.”, conta o confrade Renato Lima de Oliveira, 16º Presidente-geral Internacional.
O Conselho Geral possui um departamento de solidariedade que repassa os recursos aos Conselhos Nacionais. Os projetos com mais destaques são queles voltados à educação, pois garantem a preparação dos assistidos para que eles saiam da pobreza. Outra obra importante são as creches, que permitem que os pais e mães possam trabalhar com mais tranquilidade, levando sustento às suas famílias.
Segundo o confrade Renato, os Conselhos da América Central e da Ásia têm projetos importantes na área de piscicultura, agricultura e gado, visando os resultados sociais e o resgate das famílias da pobreza. Já na África, é possível encontrar diversas ações voltadas ao treinamento dos jovens, preparando-os para o mercado de trabalho.
Nos EUA, os vicentinos têm projetos voltados para ex-presidiários e veteranos de guerra, preparando-os para voltar ao mercado de trabalho. Na Austrália, a SSVP conta com “centros de juventude”, que reduzem o número de abortos, gravidez indesejada, prostituição, drogas e vida criminosa.
“Pode mudar o país, pode mudar a cultura, podem mudar as condições socioeconômicas, mas o trabalho da SSVP é sempre o mesmo. Os confrades e as consócias nunca desanimam nem esmorecem na prática da caridade, fazendo de tudo para ajudar, mais e mais. Não somente os bens materiais são doados, pois são fundamentais para garantir a sobrevivência das pessoas; mas, sobretudo, uma palavra amiga e um conselho carinhoso são fortes remédios para atacar a pobreza moral e espiritual. As pessoas que vivem em situação de pobreza precisam de tudo: alimentos, roupas, calçados, móveis, moradia. Mas não podemos esquecer que ‘nem só de pão vive o homem’ (Mateus 4, 4), e que, assim, levar a Palavra de Deus a esses irmãos é nosso dever. A pobreza espiritual é, sem sombra de dúvidas, maior que a pobreza material.”, reforça o 16º Presidente-geral Internacional, confrade Renato.
Ações para erradicar a pobreza
Além da pobreza material, contra a qual a SSVP vem lutando através da emancipação das famílias e os projetos ao redor do mundo, a Sociedade combate também as outras facetas da miséria, entre elas as pobrezas espiritual, moral e psicológica.
“As pessoas também estão num vazio existencial muito grande para ter a riqueza, e a riqueza que vai completar essa esse vazio é Deus, é nosso senhor Jesus Cristo. Não podemos nos esquecer que faz parte do trabalho das Conferências Vicentinas o enfrentamento a essas formas de pobreza, de tudo que é espiritual. Não adiantar dar tudo às famílias assistidas, calçado, roupa, cesta básica, emprego, se não levarmos também a evangelização. Eu não levei para ele o Evangelho, se eu não mostrei para ele Jesus Cristo, que é quem vai preencher o vazio existencial das pessoas”, finaliza o confrade Renato, 16º Presidente-geral Internacional.
O site do Conselho Geral disponibiliza uma cartinha listando 20 ações para as Conferências do mundo todo, listando reflexões que possam ajudar os vicentinos a enfrentar a pobreza e a exclusão social. Para saber mais a respeito da iniciativa, acesse: https://www.ssvpglobal.org/wp-content/uploads/2022/10/reflexion-pobres-pt-2022.pdf