No Coração do Evangelho
Estamos nos aproximando do final do tempo comum e a liturgia da palavra nos convida a fazer uma revisão de vida, tomando consciência de que tudo passa, mas a Palavra de Deus permanece (Lc 17,26-37; Mc 13,24-32).
Infelizmente temos muita facilidade em nos determos em coisas frívolas, efêmeras. Com isso acabamos vivendo na superfície da existência. Chegando ao final do ano litúrgico e confrontando o nosso modo de proceder com o ideal evangélico, somos interpelados a uma mudança no estilo de vida, afim de que esse possa ser mais autêntico e coerente.
No coração do Evangelho, sabemos, estão os pobres e, a busca por uma vida autenticamente evangélica, traz consigo, inevitavelmente, a dinâmica da caridade. O amor operoso. Também é próprio de um estilo de vida em sintonia com o Evangelho, a pobreza. O desapego aos bens temporais.
Assim, o serviço aos pobres e a atitude de liberdade interior diante das “coisas que passam” nos ajudam a viver com os olhos e o coração concentrados naquele que é nosso sentido nesta peregrinação: Cristo Jesus.
Neste trigésimo terceiro domingo do tempo comum, a Igreja nos convida a celebrarmos, também, o dia do pobre, cujo lema é “a oração do pobre eleva-se até Deus” (cf. Sir 21, 5).
Tempo oportuno para avaliarmos a nossa conduta cristã:
1) No meu quotidiano, valorizo as pessoas, especialmente os pobres, procurando enxergar neles o próprio crucificado, ou as minhas relações são meramente utilitárias?
2) Num mundo marcado pela cultura do acúmulo, vivo buscando acumular coisas, posses, para me sentir seguro e importante, ou sou capaz de viver livremente com o coração indiviso e os olhos fixos em Cristo?
3) Disperso-me avaliando se as pessoas vivem ou não com coerência essa dimensão da fé, esquecendo-me que devo ser o primeiro interpelado a viver a pobreza?
A oração do pobre eleva-se ao Senhor e, com certeza, agrada-O porquê tudo que o pobre tem é o próprio Deus. Quem vive como pobre descobre que Deus é a única segurança e só ele basta porque é dele que vem a salvação.
Rezemos, a fim de que o Espírito Santo nos ilumine e nos ajude a vivermos numa atitude de vigilância e liberdade com os olhos voltados para Deus e os braços abertos para servir os que sofrem.
Pe Michel Araújo Silva, CM