Mês de Maria: SSVP Brasil convida todos a refletirem sobre o sim das mães ao milagre de Deus
Neste mês de maio é celebrado o Dia das Mães. A SSVP Brasil convida o Padre Erik de Carvalho Gonçalves, da Congregação da Missão, para falar sobre a simbologia do Mês de Maria e a relação com a data comemorada no domingo, dia 14 de maio. Confira.
No domingo é celebrado o Dia das Mães e a elas orientamos os nossos olhares de gratidão e devotamos muito amor, especialmente pelo sim que deram a Deus, o Senhor da vida. Para este dia, um desafio de fé se impõe a todos nós, especialmente nesse tempo em que se diz ser o da pós-verdade, onde até aquelas que pareciam ser as mais certas foram colocadas sob suspeita.
É preciso, iluminados pela Fé, dom de Deus, “celebrar esta festa como um mistério, ou seja, com pretensão de entrar na realidade íntima deste acontecimento, tornando-se um com essa realidade”, como nos inspira Santo Agostinho. Deste modo, faremos uma tentativa de buscarmos o sentido mais profundo deste dia, perguntando-nos qual a mensagem de Deus para nós neste acontecimento.
Sim, há uma mensagem daquele que é o Senhor do tempo para nós, uma verdade subjacente e essencial a qualquer discurso ou prática neste dia, que na fugacidade do presente, se revela eterna, perene, porque é de Deus. À primeira vista, pode nos causar espanto perguntar sobre a Revelação de Deus em pleno Dia das Mães, mas importa crer que todo nascimento do ventre de qualquer mulher é uma comunicação da Palavra do Deus da Vida verdadeira em si e se revela ao mundo como Esperança de transformação da história humana numa história de salvação, porque é relação do ser humano com seu Deus. Por isso, todo nascimento é um acontecimento de fé, da fé de Deus no ser humano e, como toda comunicação pressupõe interlocução, a esperança é que a resposta da mãe seja simplesmente a de fé em Deus.
Assim, quando as mães recebem pela primeira vez a criança que nasce em seus braços para acarinhá-la e acolhê-la coração com coração, há uma expressão de fé neste gesto, uma afirmação de crerna verdadede Deus inscrita no seu filho/a, e um compromisso de alimentar, proteger e amar por toda a vida aquela vida que o Deus da vida lhe confiou.
Chegamos num momento crucial da nossa reflexão, porque na busca da verdadeira profundidade do sentido do dia das mães, do ser mãe, há uma descoberta luminar, de uma mulher que elevou ao mais alto patamar todas as mães e que sempre ensina, sem se vangloriar ou se orgulhar, pois sua virtude essencial foi a humildade, que combinada com a maternidade nos legou o maior dos Dons de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador.
Bendita entre todas as mulheres (Lc 1,42), Maria é o sinal da esperança de Deus no seu povo, porque acreditou (Lc 1,45) nas promessas que Ele havia feito aos antepassados. Eis aí o atributo nobilíssimo da Bem-aventurada Virgem Maria, a fé, porque ela acreditou e disse um “SIM” ao seu Deus e nosso Deus, assumindo todas as consequências, mas, sobretudo, confiando na sua contínua presença, “pois o caminhar na presença de Deus é sempre por um caminho claro-escuro dos caminhos impenetráveis de Deus”, como nos diz o Papa Bento XVI.
A fé de Maria é sempre confiança e obediência a Deus, ainda que num caminho escuro (Redemptoris Mater, 14). Vejamos se não é o caminho de todas as mães, quando nos lembramos das angústias que nossas mães passaram, preocupadas em serem boas mães, sem saber muito o que isso significa, e preocupadas com os rumos que nós, seus filhos, daríamos em nossas vidas, que tipo de pessoa seríamos. Imaginemos o aperto no coração de Maria quando o Menino Jesus se perde da caravana e fica no templo (Lc 2,41-52). Neste trecho do Evangelho está também um sonho que todas as mães carregam em seu coração: que seus filhos cresçam em sabedoria, idade e graça diante de Deus e das pessoas.
Como é bonito reconhecer as histórias das mães de todos os tempos entrelaçadas com a história de Maria, Virgem e Mãe, com alegrias e tristezas, angústias e esperanças. Histórias entrelaçadas que se complementam e se fortalecem entre si, pois em Nossa Senhora vemos a promessa de vitória da humanidade com seu Deus se cumprir, pois, no momento decisivo da história, ela esmaga a cabeça da serpente (Gn 3,15), através do seu Filho, o redentor e vitorioso sobre o mundo (Lc 24,6), sendo confirmada por Deus como a plena de graça. Assim, ainda que na nossa realidade persista a maldição e a servidão, pois a serpente continua a morder o calcanhar dos descendentes da Mulher, todas as mães encontrarão paz na medida em que ensinarem a seus filhos a olharem para o Filho de Maria, levantado na cruz (Jo 3,14), pois este ferimento no calcanhar não leva à morte (Jo 11,4) aqueles que foram marcados com o selo do Espírito.
Ouso ainda, apresentar a Virgem Maria como modelo para todas as mães por seu compromisso em transmitir a fé ao seu filho. Cremos que Jesus foi em tudo como nós, exceto no pecado. Olhar para o brilho do ser do homem Jesus de Nazaré é, sem dúvida, reconhecer a vivência das lições que sua mãe e seu pai lhe deram. Sendo uma mulher de fé, em Nossa Senhora repousou o Espírito da verdade, que sempre age no caminho do ser humano que busca o sentido da vida e a Verdade sobre Deus e sobre nós (Jo 14,17). Assim, sempre imagino o dia a dia da família de Nazaré como uma catequese cotidiana. Nas situações difíceis, nas alegrias, nas festividades, nas provações, etc., sempre fora ocasião de dar uma lição ao menino que crescia, ajudando-o na tomada de consciência do seu lugar e da sua missão no mundo. O modo de ser e crer do homem Jesus, carrega o modo de ser e crer de Maria, sua mãe. É iluminador pensar na família como um lugar de paz, de fraternidade, de comunhão, como uma Igreja, porque um lugar de vivenciar a fé que se professa. Ainda no horizonte da ousadia, ouso acreditar que Deus escolheu entrar na catequese da família de Nazaré e, com esse movimento, Ele a tornou Sagrada e modelo de comunhão e amor para toda família humana.
Termino esta reflexão expressando minha solidariedade com todas as mães que sofrem. Tantos infortúnios em nosso tempo: mães que criam seus filhos sozinhas e precisam se virar para sustentar e educar; mães que veem seus filhos sofrerem violências ou sendo assassinados, independente do motivo; mães que suportam o peso do preconceito do abandono; mães que sofrem violências em suas casas; mães que deixam de se alimentar para dar de comer aos seus filhos. Nossa Senhora se solidariza, entende o sofrimento e intercede por todas as mães. Olhem para ela, se vejam na Bem-aventurada Virgem Maria. Toda mãe encontrará consolo em Maria se buscar aprender com ela a educar seus filhos e os projetarem no caminho do bem, da salvação, sendo fiéis somente a Deus. É primordial que em todos os tempos o ser mãe esteja associado ao exemplo de Maria, mulher firme na fé, porque ouvinte da Palavra do Pai, seguidora do Filho e fecunda no Espírito, porque assídua nas orações (At 1,14).