Erradicação da Pobreza: um sonho impossível?
Vicentinos mostram trabalho na época da pandemia e acreditam em solução do problema.
Hoje, 17 de Outubro, é o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, marcado para a conscientização do problema no mundo. Graças à pandemia mundial da Covid-19, esta conscientização e as ações para a erradicação se fazem ainda mais necessárias. Dados divulgados pela ONU (Organização das Nações Unidas) em julho afirmam que o Brasil deve terminar 2020 com 9,5% da população em condição de pobreza extrema. Ou seja, o número pode dobrar em relação ao ano passado (5% da população) e o país chegar a ter cerca de 20 milhões de brasileiros ganhando menos de R$ 353,00 por mês. Os números assustam e fazem com que muitos se abalem e desistam de acreditar numa melhora da economia. Mas isso não acontece com o Presidente-geral Internacional da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), confrade Renato Lima de Oliveira.
O confrade explica que, com a chegada da pandemia, o trabalho vicentino tem aumentado, assim como já é possível detectar em várias Conferências. “O nosso trabalho só vai aumentar. As pessoas estão perdendo emprego e precisando de ajuda. Na Conferência que participo, por exemplo (Nossa Senhora de Fátima, em Cruzeiro Velho, no Distrito Federal), aumentamos o número de assistidos. Pessoas que já tinham tido ajuda no passado e estavam caminhando com as próprias pernas, retornaram. Pessoas que nunca procuraram o trabalho vicentino estão precisando. E isso é um fenômeno internacional”, explica.
Apesar do aumento do trabalho, o confrade Renato não perde a esperança e a fé no trabalho vicentino e na ajuda ao Pobre. “A pandemia piorou muito o cenário internacional de pobreza, mas acredito que venceremos tudo isso e voltaremos à realidade que conhecíamos, na qual a busca pela erradicação da pobreza é constante”, afirma.
Para o Presidente-geral Internacional da SSVP, o momento também é de olhar para dentro. “Quem já fazia um bom trabalho de marketing interno, como as Conferências que já atuavam fortemente junto aos doadores, teve um decréscimo, mas não sofreu tanto o baque. Um doador que sempre recebe um retorno da obra, pode até diminuir o valor, mas dificilmente para de doar. As obras que não têm um trabalho pós-doação certamente estão sofrendo mais. A pandemia não criou o problema, mas nos revelou quem não tinha uma comunicação boa. Isso precisa ser avaliado e mudado”, avalia.
A criatividade do brasileiro, segundo o confrade Renato, foi essencial para ajudar nesse momento “O Projeto Rede de Caridade foi fundado para ajudar as Obras, utilizamos o site para conseguir doações. Inclusive compartilhei com outros países, como Chile e Estados Unidos, o que estamos fazendo aqui no Brasil com o Projeto Rede de Caridade, para servir de inspiração”.
O Presidente-geral Internacional lembra que no ano passado, o Conselho Geral aprovou o uso da Internet para captar fundos e que cada Conselho Nacional cuida das ações em seu país. “A Irlanda, por exemplo, arrecadou 1 milhão de euros”, exemplifica.
O confrade Renato explica que a pandemia afetou diretamente o trabalho dos vicentinos no que diz respeito à erradicação da pobreza, não só pela queda de doações, mas também pela necessidade de se adaptar às exigências sanitárias. As visitas já não podem ser feitas como fazíamos, por conta do distanciamento social, e isso faz com que os assistidos e os próprios vicentinos sofram, porque nossa maior alegria é abraçar e conversar. Mas temos que nos adaptar”, conta.
A participação do Terceiro Setor, onde se enquadra a SSVP, é essencial na luta pela erradicação da pobreza. “Os governos não podem tudo. Temos que ajudar independentemente de partido e governo. A humanidade vai vencer. Cada instituto internacional dá uma previsão para a recuperação do cenário. Uns falam em 2 anos, outros até 10 anos. Isso vai depender da capacidade de cada país gerar emprego, da mudança no sistema”, ressalta.
“O que tira a pessoa da pobreza é o emprego. As empresas privadas precisam voltar, os empregos aparecer, os nossos assistidos precisam voltar a trabalhar. Mas enquanto isso não acontece, nós da SSVP fazemos este trabalho emergencial, de doar itens de higiene, cesta básica, roupas e pagar até contas”, explica o confrade Renato.
Sobre o futuro, o Presidente-geral Internacional da SSVP é extremamente otimista. “A estabilidade econômica vai voltar para que o Pobre não seja tão Pobre. O mundo estava começando a vencer vários desafios e a pandemia nos fez voltar anos atrás. Mas tenho fé”.
Confrade Renato ainda manda um recado aos vicentinos: “A fé, a esperança e a caridade devem ser agora, mais do que nunca, exacerbadas. Mantenham a serenidade e a confiança em Deus e a gente vai superar. Somos amigos dos Pobres e queremos ver os amigos superarem essa realidade. Sofremos e nos alegramos com os eles e os queremos bem na vida pessoal, profissional e espiritual. Acredito que ainda vamos ver a erradicação da pobreza no Brasil. Vários países, como a Noruega, já conseguiram. É um processo lento, mas é uma tendência mundial”, defende.
Mas o Presidente-geral Internacional da SSVP faz um alerta aos vicentinos. “Mesmo que erradiquemos a pobreza financeira no mundo, teremos outras pobrezas, como a espiritual e a moral. Nunca vai faltar serviço para o vicentino. É um trabalho eterno, que se renova”, finaliza.
Fonte: SSVP