Doe sangue, salve vidas!
Hemácias ou glóbulos vermelhos. Água, oxigênio, glicose, proteínas, hormônios, vitaminas, sais minerais entre tantos outros componentes. Sabe de quem estamos falando? Se você pensou que é sobre o sangue, acertou.
O sangue é de extrema importância para o funcionamento do nosso corpo. É onde funciona diversos processos que nos fazem sentirmos vivos. É uma parte vital da nossa vida. Jesus salvou todos nós com o seu sangue e nós também podemos fazer o mesmo com um simples ato: a doação.
Este é um tema que, para muitos, é um tabu. No Brasil, a doação de sangue é algo cercada por vários “mitos” que vão de geração em geração o que cria um estigma negativo na maioria da população brasileira. Mesmo com as diversas campanhas de conscientização, o número de doadores de sangue no Brasil caminha a passos extremamente lentos. O desenvolvimento na área não é precário, longe disso. Por exemplo, o Brasil – junto com Cuba e Colômbia – são uns dos únicos países na América Latina que possuem Programa de Hemovigilância. Este programa é um conjunto de procedimentos das reações transfusionais resultantes do terapêutico de sangue e seus componentes. Isto faz com que as doações sejam mais seguras e que mantenham a qualidade dos produtos sanguíneos.
Mesmo com o avanço tecnológico na área e diversos hemocentros que são encontrados no Brasil, o número de processamento anual de sangue por banco de sangue é baixo. De acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), em pesquisa divulgada no ano de 2013, o Brasil tem 571 centros de processamento de sangue (números até 2011) com a quantia de sangue processado por banco de 5.878.
O estudo também mostrou que apenas 59% dos brasileiros são voluntários na doação de sangue, número que caiu consideravelmente desde o último mapa de doação de sangue feito pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em 2004. Na mesma, mostrava-se que o Brasil tinha 72% de doadores voluntários. Esta média fica muito atrás de países como Cuba (100%), Nicarágua (100%) e Colômbia (84,38%). Mesmo assim, encontra-se na média de doadores não voluntários na América Latina (41,2%).
Em um balanço do Ministério da Saúde em 2014, o Brasil obteve uma alta de 4,55% nas doações de sangue, mas ainda está fora dos padrões da ONU (Organizações das Nações Unidas), já que se pede que a taxa ideal seria ter de 3% a 5% de doadores entre 16 e 69 anos. Neste caso, o Brasil, em 2014, se encontrava com 1,8%.
Os apelos de conscientização da doação de sangue não é nenhuma novidade. Não só o Governo Federal divulga campanhas, mas sim todos os bancos de sangue. Infelizmente, estamos em uma sociedade que não conhece muito bem os benefícios da doação de sangue e também nunca viram o lado emocional de quem doa e de quem recebe. O Governo estipula um crescimento de mais 0,8% nos próximos cinco anos. Já se passaram dois anos, e o que ainda vemos são bancos se sangue vazios e milhares de pessoas esperando uma doação para sobreviver.
O ato que salva vidas
Para que aumente o número de doadores, todos os estigmas devem ser extinguidos. Muitos pensam que qualquer um pode doar sangue ou que podem haver algumas complicações na sua saúde após a doação. Estes são estigmas que inibem o crescimento do número de doadores no país. O doutor Marcelo Froes Assunção, é especialista em Hemoterapia e trabalha no Complexo Hospitalar São Francisco, parceiro do CMBH. Em entrevista, ele falou sobre os requisitos para a doação de sangue: “O doador de sangue precisa ter entre 16 e 69 anos, sendo que existem condições especiais para o doador abaixo de 18 anos e acima de 69 anos. Ele tem que estar com boa saúde, não ter feito o uso de bebida alcoólica nas doze horas anteriores, não ter risco para as DST’s e não estar fazendo nenhum tratamento médico no momento. Após estas questões, o doador passa por uma triagem para ver condições mais específicas”, afirma o dr. Marcelo.
Ainda de acordo com o médico, aproximadamente 450 ml de sangue são coletados por doação e este número pode salvar até quatro vidas. Outro estigma que afeta os brasileiros é o tempo para reposição do sangue. Muitos acham que esta pequena parcela irá afetá-lo, mas, segundo o hemoterapeuta, em 24 horas o volume já está completamente restaurado.
A doação de sangue, como citado acima, pode salvar até quatro vidas. O paciente que está precisando desta doação fica a espera de um Anjo da Guarda, pois quem doa passa a ser um Anjo também. Estas fortes palavras vem do sr. Espedito André da Silva, 52 anos, paciente do Hospital São Francisco.
Por mais de dois anos ele recebe a doação de sangue, mas nunca soube quem é o seu doador. Pai de cinco filhos e afetado por um forte crise de anemia, Espedito batalha a espera de sua cura, enquanto isso, as transfusões de sangue na cadeira do hospital já é uma rotina. “Estou na mão de Deus e dos doadores. Se um dia eu chegar aqui e não achar mais uma bolsa eu não sei o que faço. Não tem como falar para que todos possam doar o sangue ou não, isso depende de pessoa por pessoa, mas eu estimulo minha família e amigos para doar, pois só eu sei como é a vida de quem depende da doação. Sei que isso pode me matar, mas estou nas mãos de Deus e agradeço a todos que estão me ajudando até hoje, pois eu já não tenho muito o que fazer”, desabafa em meio aos prantos.
Este é só mais um caso em milhões. A demanda pela doação de sangue é enorme em todos os hospitais do Brasil. A reposição, por outro lado, é muito lenta e completamente longe dos ideais. “Geralmente a reposição só acaba acontecendo em campanhas e apelos pela televisão. Existem períodos, principalmente nos feriados como Carnaval, Natal e outros em que os estoques ficam baixos. Após as transfusões, nós pedimos aos acompanhantes dos pacientes para que compareçam a Fundação Hemominas e façam a doação para a reposição do estoque, mas não existe a obrigatoriedade para doar”, desta o dr. Marcelo Froes.
A Policial Militar e fisioterapeuta, Marjory Laiane Costa, de 26 anos, é doadora de sangue voluntária há mais de seis anos. Ao saber que ela ajuda diversas vidas e histórias, como a do Sr. Espedito, ela diz que é uma sensação maravilhosa. “É uma sensação maravilhosa saber que estou salvando vidas de pessoas através de um gesto tão simples. Meu sentimento quando faço doação de sangue é de empatia, ou seja, eu me coloco no lugar de pessoas que estão precisando de sangue para se recuperar de uma doença e até mesmo para sobreviver. Eu tenho certeza que se algum dia eu precisar de sangue vou receber doações de pessoas que possuem o mesmo sentimento que eu”, destaca Marjory.
O que fazer?
São apenas 450ml de sangue que faz com que você seja um Anjo aqui na terra. A doação de sangue é algo de extrema importância. É um gesto de amor ao próximo. Não podemos esquecer que a bíblia, em João 15, 12, nos disse:: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Podemos sim salvar a vida de tantas pessoas sem nem ao menos conhecê-las. Em atos como este, não é preciso receber um obrigado, mas ter na consciência de que sim, você recebeu um sorriso de uma pessoa e seus familiares.
As doações de sangue são realizadas nos hemocentros. Em Belo Horizonte, para aqueles que desejam ser doadores voluntários, basta procurar a Fundação Hemominas, na Rua Grão Pará , 882 – Santa Efigênia.
Vamos mudar o mundo destas pessoas que tanto precisam da gente. Doe Sangue, Doe Vida!
Por: Vinícius Toscano – Departamento de Comunicação/CMBH
Artigo publicado na Revista Vicentina Adoremos, edição 1007, ano 102.
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