Dia da Luta da Pessoa com Deficiência: há limitações para fazer a Caridade?
Hoje, no Dia da Luta da Pessoa com Deficiência, a SSVP apresenta a você a história de dois vicentinos que mostram que não há limitações para quem quer servir e fazer a Caridade.
O confrade Jackson Teixeira Lemos, de 35 anos, é de Cariacica, no estado do Espírito Santo. A paralisia infantil, aos quatro anos, tirou os movimentos da perna e do braço direito e dificultou a fala do vendedor ambulante, mas não sua vontade de viver, trabalhar e ajudar o próximo. Frequentador da Igreja Santa Maria Goretti desde cedo, sua história com a SSVP começou há 15 anos, quando viu um senhor arrecadando mantimentos na rua. “Mesmo sendo muito ativo na igreja, eu não sabia o trabalho dos vicentinos, só conhecia de nome. Então, fui falar com ele, o Seu João, e ele me convidou para conhecer a Conferência e participar. Fui muito bem acolhido e logo na primeira reunião me apaixonei. É algo diferente para a vida do cristão. Fui aspirante por um ano e aguardei ansiosamente para ser apresentado. Os vicentinos me tocaram tanto que fui buscando novas pessoas e apresentando ao trabalho”, conta o confrade.
O chamado do confrade Jackson foi tão forte que três anos depois de ser apresentado, ele se candidatou e foi eleito presidente da Conferência São José Operário. “Foi um mandato de trabalho em equipe. Nossas reuniões chegaram a mais de 25 participantes, o que é bastante para nossa realidade”, explica. Depois da presidência da Conferência, o confrade foi eleito presidente do Conselho Particular de Bela Aurora, vinculado ao Conselho Central de Vitória, onde exerce o cargo até hoje. “O nosso trabalho é estar motivando, mostrando que nosso trabalho é importante. Porque não fazemos para nós e sim para os Pobres”, ressalta, destacando o trabalho de apresentar a SSVP para novas pessoas e atrair novos membros para a Caridade.
As limitações físicas não foram capazes de frear a vontade de ajudar do confrade Jackson, que ainda exerce a função de vice-presidente do Conselho Central de Vitória. Sua motivação, como ele mesmo diz, é Deus, a família e a própria SSVP, que dão todo o suporte para essas tarefas. “Os nossos mestres e senhores, os assistidos, são a maior motivação para o nosso trabalho. Vê-los dar a volta por cima é o que me dá forças”, justifica o confrade.
O confrade finaliza com um recado: “Você que tem alguma deficiência e está na SSVP, não se sinta limitado, nem excluído. Você é muito importante e especial para a Sociedade São Vincente de Paulo. E vocês, queridos confrades e consócias, continuem motivando essa pessoa que tem alguma deficiência. Com o apoio de vocês, essa pessoa é mais forte. Que possamos sempre ser humildes e corajosos para desempenhar o nosso trabalho junto aos Pobres”.
Fé supera limites
Outra história de superação e de dedicação ao Pobre é a do confrade Luiz Carlos Pereira, de 53 anos. Aos 19 anos ele foi convidado a participar da SSVP pelo confrade José Donato Filho. “O que mais me chamou a atenção na época foi a ajuda aos Pobres, pois minha família sempre foi ligada a essa parte da caridade. Fui me encantando com o trabalho e hoje são 34 anos como confrade
Em dezembro de 2015, em meio a um surto de dengue e chikungunya, o confrade, que mora na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi contaminado. Dias depois, sentindo muita fraqueza, dificuldades de respirar e outros sintomas, começou a perder movimentos e foi diagnosticado com Síndrome de Guillain-Barré, um distúrbio autoimune. Ou seja, o organismo cria uma defesa excessiva e encapa os neurônios. É como um fio de cobre. Nenhum impulso do cérebro passa para comandar os músculos. Perde-se todos os movimentos com algumas raras exceções. Fica-se inerte sem movimento. “Perdi a fala e fiquei intubado. Tive que aprender tudo novamente: falar, comer, movimentar, andar, etc”, lembra.
O confrade Luiz Carlos foi levado à UTI, com os pulmões quase parando, chegando a respirar apenas por aparelhos. Foram cinco meses na Unidade de Terapia Intensiva. “A recuperação é lenta e é esse momento que estou vivenciando hoje. Eu perdi tudo, alimentação, respiração, tive que ficar em casa e estou fazendo muita fisioterapia.Minha família foi essencial para cuidar de mim, pois precisava de tudo. Foram três anos para chegar no ponto que estou hoje. Estou numa cadeira de rodas, não recuperei todos os movimentos. Ando com andador pequenas distâncias”, explica.
Antes da doença, o confrade Luiz Carlos era muito ativo, inclusive na SSVP, chegando a ter sido presidente do Conselho Particular Nossa Senhora Mãe dos Homens e presidente da Conferência de São Bonifácio, da qual fazia parte. Hoje o confrade frequenta a Conferência de São Camilo de Lelis. “Quase morri, mas vejo minha recuperação como uma chance de Deus. Uma coisa que eu nunca perdi foi a fé. Nunca desisti. Nunca me revoltei com Deus e as orações que recebi me deram muita força. Era para eu ter perdido a minha vida, sofri uma parada cardiorrespiratória, mas sou muito grato por Deus ter me permitido viver. Me sinto numa dívida muito grande com Deus, Nossa Senhora e São Vicente de Paulo”, conta.
Hoje o confrade está retomando as atividades na SSVP. “Agora já consigo realizar algumas atividades na SSVP, fico na minha cadeira de rodas, com o computador na mesa. Venho participando do Conselho e da Conferência da minha forma, não consigo visitar uma família, por exemplo, mas consigo telefonar, conversar, bater um papo. Aprendi que a ajuda não é só material, é de afeto, de contato e de carinho.E aqueles casos que consigo ir visitar, vou com ajuda da minha esposa e filhos. Venho com muito entusiasmo me colocando à disposição da SSVP, reconhecendo minha deficiência e minha fragilidade, mas sempre com ímpeto e vontade”, revela.
De todas as graças recebidas o confrade lembra sempre da oração aos benfeitores da SSVP, a qual todos confrades e consócias exercem pelo simples fato de participarem das atividades vicentinas: “Dignai-vos, piedosíssimo Jesus, conceder a Vossa graça aos benfeitores dos pobres. Vós que fizestes promessas aos que praticassem em Vosso nome obras de misericórdia, cem por um, e o reino do céu. Amém!”. Ou seja, a promessa de nosso Senhor Jesus Cristo é a de 100 por um. Em síntese, um bem realizado vale cem em um. Quanto ao reino dos céus, além das atividades, pesam as decisões e o nosso pecado de cada dia.
O confrade insiste em dizer para cada um que passa por uma dificuldade na vida, de doença ou não: “nunca desistam e que acreditem na graça de Deus, de Nossa Senhora e de São Vicente de Paulo. Não olhe para o cadeirante com olhar de pena, veja como uma pessoa abençoada, porque passou por situações complicadas na vida e Deus permitiu que permanecesse e abençoou com a vida. Esse é meu maior testemunho. Enquanto a minha batalha continua, sigo ajudando no que posso e servindo”, finaliza.