Cidade Ozanam é referência em Belo Horizonte no cuidado com os idosos
O Jornal Estado de Minas publicou neste domingo (01), matéria sobre a Cidade de Ozanam, obra administrada e mantida pela Sociedade de São Vicente de Paulo em Belo Horizonte. Confira:
Na capital mineira, o geriatra Rodrigo Ribeiro dos Santos diz que a Cidade Ozanam é uma referência de instituição pública de longa permanência. Ele e outros colegas do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) fazem trabalho voluntário no local. Instituição filantrópica com capacidade para 90 idosos com mais de 65 anos, a preferência é para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Atualmente, segundo o presidente da instituição, Noel de Araújo, 82 vagas estão ocupadas. “Temos um corpo clínico de voluntários completo e uma estrutura física bem-elaborada”, diz. Lá, os idosos podem receber visitas diárias e sair desde que estejam acompanhados por algum responsável, já que estão na condição de curatelados.
Programas como o Vida Ativa, com ginástica voltada para idosos duas vezes por semana, o Educação de Jovens e Adultos (EJA), que inclui a alfabetização, oficinas de trabalhos manuais como pintura e desenho, atividades de lazer como bingo e dança de salão, passeios coletivos pela cidade, quem está à frente da Cidade Ozanam garante que “todo dia tem alguma coisa para fazer”. Os quartos não são individuais e existem cômodos com duas camas, com quatro e a enfermaria, onde estão as pessoas acamadas, e pode comportar até 12 pessoas. Mulheres dormem com mulheres e homens com homens. Não existe, atualmente, nenhuma situação de casal, mas Noel Araújo garante que é possível, nesses casos, que eles fiquem juntos em um mesmo quarto. AMIZADE CONSTRUÍDA Maria de Lourdes Melgaço, de 80 anos, e Antônia Barbosa, de 78, dividem um quarto há sete anos. A primeira está na Cidade Ozanam há 8 anos e a segunda, há 9. Ambas foram para lá por decisão própria e elas parecem se dar muito bem, como fazem questão de dizer, mas têm opiniões bem diferentes da vivência na instituição. Cada uma traz consigo uma história de vida diferente, mas com algumas similaridades, é verdade. Nenhuma delas tem filhos, mas a primeira foi casada e a outra “namorou bastante”. Enquanto Maria de Lourdes tem vários sobrinhos, irmãos, irmãs e enteados que a visitam frequentemente, a levam para passear e a todos os eventos familiares possíveis, a família de Antônia morreu toda. Ela, que morava em “uma roça próxima a Minas Novas”, foi trazida para Belo Horizonte para ser empregada doméstica até que se aposentou, adoeceu e chegou à Cidade Ozanam.
Por isso, segundo ela, não tem ninguém para visitá-la além da antiga patroa. Maria de Lourdes diz que não: “Meus sobrinhos visitam sempre a Antônia”, ela faz questão de lembrar à amiga, que sorri e consente com a cabeça. Conceição Catarina Treves, de 68, também chegou à Cidade Ozanam por vontade própria. Da sua antiga casa alugada ela levou sua cômoda, o frigobar e o som. Ela divide o quarto com mais três mulheres e é a única que tem móveis próprios. A parte de cima da cômoda está repleta de prêmios que ela já ganhou no bingo. Não tem espaço para mais nada, mas ela sempre dá um jeitinho. “Sempre ganho”, ela diz acompanhada de uma gargalhada. “Sou muito sortuda”, completa. Como dá para imaginar, o bingo é a atividade preferida de Conceição.
Colaboração: José Marcos Ramos (Tesoureiro do CMBH)