[ARTIGO] A Cultura Vocacional na FAMVIN
A Cultura Vocacional na Família Vicentina é tema que sempre esteve em nas rodas de conversas, mas ultimamente, com o atual Superior Geral da Congregação da Missão, o Pe. Tomaž Mavrič, CM, essa dinâmica aparece em forma de um projeto global, partindo do setor de Comunicação da Cúria Geral da Congregação da Missão, até alcançar todos os ramos da Família Vicentina – herdeiros do Carisma Vicentino, nos seus diversos modelos: vocação ordenada, religiosa ou leiga. A Sociedade de São Vicente de Paulo, muito tem colaborado para manutenção do Reinado de Deus no mundo, visto as numerosas ações e obras que realizam em favor dos Pobres.
Cultura Vocacional significa conhecimento do interesse privado e, sobretudo, implicação pessoal e interpessoal para construir algo que se converta em patrimônio de todos. Conseguiremos trilhar esse caminho revitalizando nosso carisma e promovendo a formação dos membros a partir de uma perspectiva vocacional, tendo em nossos projetos um espírito puramente vicentino, que tem como modelo Jesus Cristo – evangelizador e servidor dos pobres, de modo que nossa vivência de fé vá progressivamente se fazendo: a) Mentalidade: onde se evidencie princípios e convicções de nosso carisma e missão; b) Sensibilidade: gerando e reavivando em nós uma mística que se mostre pela oração e ação, e c) Práxis: sendo presença junto àqueles a quem Deus nos envia protagonismos e difundido a nossa vocação e carisma.
É importante que, como membros da Família Vicentina, nossas conferências, em toda a SSVP, adotem fontes ou princípios norteadores da formação como os seguintes:
a) As Sagradas Escrituras, em especial os Santos Evangelhos, lidas na fidelidade às orientações da Igreja e a partir da sabedoria dos pequenos (cf. Mt 5,1-12; Mt 11,25; Lc 10,21);
b) Os Sinais dos Tempos, como referenciais privilegiados para sintonizar a formação e ação na busca de responder a vontade de Deus;
c) Os Pobres, que a seu modo também nos evangelizam. Assim devemos nos matricular na escola deles e aprender suas lições.
d) A Tradição e o Magistério da Igreja: os tesouros da Tradição viva, desde os escritos espirituais dos Padres da Igreja, os documentos da Igreja, das Conferências latino-americanas até as orientações da CNBB;
e) Tradições e orientações da SSVP: A vida, os escritos e as obras de São Vicente; a história da SSVP; a Regra, Estatutos e Regimentos, palavras dos Presidentes em nível Nacional e Internacional, documentos das últimas Assembleias Gerais, boletins e revistas.
Urge que a vocação e o fazer missionário de cada uma das consócias e dos confrades da SSVP de modo que estejam permeados dos cinco aspectos fundamentais do itinerário formativo dos discípulos (as) missionários (as) de Cristo (Documento de Aparecida, n. 278):
a) O Encontro com Cristo – Este encontro dá origem, fundamento e força para a vivência da vocação. Tal encontro se dá por meio da oração, pessoal e comunitária e articulada com o compromisso missionário com os pobres, bem como nas visitas domiciliares ou encontros com pessoas que nos ajudam a ajudar a quem mais necessita;
b) A Conversão – A resposta ao autêntico encontro com Cristo leva a uma busca de uma contínua identificação com sua pessoa e seu Evangelho;
c) O Discipulado – O encontro transformador com Cristo chama a pessoa ao discipulado, ao amadurecimento constante no conhecimento, amor e seguimento de Jesus. Tendo sempre Cristo como modelo missionário a seguir e com quem se identificar. Este processo de formação discipular permite a fidelidade dinâmica e criativa, onde o amor missionário fiel é o amor que cresce e produz muitos frutos que testemunham a presença do Reino;
d) A Comunhão – O coração do seguimento de Cristo é a vida comunitária que é construída na missão e deve ser um sinal de vida nova inaugurada por Jesus. Nas conferências e comunidades se descobre a alteridade como uma mediação indispensável da formação para a missão. Esses espaços de comunhão transformam, ajudam, desafiam, interpelam e abrem possibilidades; nelas se aprendem o diálogo e o respeito ao outro, testa-se a capacidade de abertura e de aceitação do diferente;
e) A Missão – A missão é simultaneamente uma consequência e um caminho de realização do encontro com Cristo, da conversão, do discipulado e da comunhão. A SSVP, que nasceu de uma provocação missionária a Ozanam, tem sua marca original na interação da comunidade apostólica com a ação missionária. Logo não se pode compreender a SSVP sem atividades concretas em favor dos pobres na Igreja.
A caminhada é longa, mas Deus está conosco. Com disposição, criatividade e ousadia levamos adiante nossa vocação de vicentino(a), confiando sempre em Deus, na proteção de Maria e na caridade efetiva e afetiva de São Vicente. Que iluminados pelo mesmo Espírito que impulsionou Frederico Ozanam consigamos ser outro Cristo na vida dos mais Pobres!
Por Seminarista Cleber Teodosio | Congregação da Missão
Artigo publicado na Revista Vicentina Adoremos, edição Setembro/2019.
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