Apaixonados pelo Boletim Brasileiro: confrade Márcio José da Silva
Hoje o Decom (Departamento de Comunicação do Conselho Nacional do Brasil) lança o primeiro de uma série de textos intitulados Apaixonados pelo Boletim Brasileiro. A ideia desta coletânea é ressaltar a importância do maior meio de comunicação da Sociedade de São Vicente de Paulo, que em 2024 comemora, em outubro, 146 anos. Pelo nosso levantamento, é o periódico católico mais antigo do Brasil ainda em circulação (título que estamos buscando com a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Sim, o nosso Boletim é especial não só para registrar nossa história como vicentinos, mas também nos ajuda a entender a solidariedade no nosso país nos diversos momentos e a difundir nosso carisma em cada cantinho do Brasil, inclusive para quem não é da SSVP.
Vamos, então, ao primeiro depoimento da nossa campanha: Apaixonados pelo Boletim Brasileiro, escrito pelo nosso Presidente Nacional, Márcio José da Silva. Se você quiser declarar seu amor pelo BB, basta enviar seu texto e sua foto para o e-mail [email protected], com seu nome, cidade, Conferência e idade, e com o assunto do e-mail Apaixonados pelo BB.
“Falar do meu carinho pelo Boletim Brasileiro é falar também do meu amor à Sociedade de São Vicente de Paulo. Este importante meio de comunicação é o xodó dos vicentinos. Ele retrata, ao longo dos seus mais de 145 anos a trajetória dos vicentinos no Brasil. O trabalho de confrades e consócias nos quatro cantos do país, suas dificuldades, suas conquistas em prol dos nossos assistidos, os nossos Mestres e Senhores.
Como vicentino, assim como tenho certeza que acontece com todos os confrades e consócias que assinam nosso Boletim Brasileiro, desde que entrei na Sociedade e tive contato com a primeira revista, passei a esperar ansioso por cada edição. Queria ver se minha cidade, minha região estavam lá. Queria saber tudo o que se passava no Brasil. Guardo com carinho na minha memória a primeira vez que apareci no Boletim Brasileiro. E assim faço com todas as vezes que vi minhas atividades vicentinas e da minha Conferência e Conselhos registradas naquelas páginas!
Como integrante do Conselho Nacional do Brasil, pude ter contato com as antigas edições que ficam guardadas na biblioteca de nossa sede, no Rio de Janeiro. E daí, meus amigos, é uma felicidade só. Os nossos primeiros Boletins foram escritos em forma de atas. E em suas páginas amareladas podemos encontrar as dificuldades que os vicentinos passavam no Brasil já naquela época. Problemas que infelizmente seguem até hoje de maneira igual ou muito parecida.
Peço licença para reproduzir um trecho significativo no Primeiro Boletim Brasileiro, datado de outubro de 1878, falando do desenvolvimento da nossa Organização e da sociedade brasileira da época. Se não fosse pela grafia, poderia ser um texto de hoje. Aqui vou atualizar a ortografia para melhor entendimento.
“Entretanto, no Brasil não só o seu desenvolvimento tem sido lento, como também as conferências estabelecidas não tem tido a prosperidade que era para desejar. Estaremos nós por ventura, em condições tão excepcionais, que o nosso solo repila a semente que tem medrado em toda a parte, nos campos férteis e produtivos como nos rochedos áridos e infecundos? Não o podemos crer, e seremos antes impelidos a atribuir a outra causa esta aparente impropriedade de terreno. Nós os brasileiros, além da natural indolência que nos carateriza, estamos possuídos de um mal, que se parece muito com a indiferença: o pessimismo. Tudo nos parece difícil ou mesmo impossível, desde que se aparte um pouco do que entrou como parte integrante na formação dos nossos hábitos. Os homens mais cheios de zelo e de piedade não escapam à influencia deste vicio de leite. “isto não é para nós” dizem todos; “seria muito bom, se fosse possível”. É o que se dá com a Sociedade de São Vicente de Paulo.”
Quantas vezes podemos nos ver nesta situação, neste pessimismo contagioso? Mas temos que lembrar da nossa vocação, do nosso “SIM”. Fazer com que as páginas do Boletim não voltem a repetir histórias de desafios não superados ao longo dos anos. No início, o Brasil foi acometido por uma epidemia de varíola, que esvaziou conferências, e levou, infelizmente vicentinos. Mais recentemente, foi a pandemia da Covid-19 que teve esse papel avassalador.
Mas nós, vicentinos, temos o dom de nos reerguer. De trazer para nossas páginas os casos de tantos sucessos, tantos atendimentos, acolhimentos, ações, tanta fé e amor pela Sociedade de São Vicente de Paulo.
É por isso que sou um Apaixonado pelo Boletim Brasileiro e depois de tantos anos de vida vicentina, sigo ansioso esperando a cada edição.”