A história do Beato Antônio Frederico Ozanam

Hoje, 09 de setembro, celebramos a memória litúrgica do Beato Antônio Frederico Ozanam, principal fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo.

(1813-1853)

Frederico Ozanam nasceu a 23 de Abril de 1813, em Milão (Itália). Filho de Jean-Antoine, médico prestigioso, cuja fama profissional não o impedia de assistir doentes indigentes, com o mesmo cuidado e afabilidade reservados aos pacientes da alta condição social, e de Marie Ozanam, também dedicada à assistência dos pobres e enfermos. Frederico respira desde o nascimento o profundo espírito de caridade compartilhado pelos seus pais.

Depois de uma infância muito protegida em Lião, Frederico entra no colégio em 1822 para começar os estudos secundários. Estudante brilhante e leitor insaciável, aos 17 anos conhece várias línguas: grego, latim, italiano e alemão, e inicia um curso de hebraico e sânscrito. De espírito sensível e preocupado, é apaixonado pelo estudo da Filosofia, consumindo-se com frequência numa investigação existencial e espiritual, que jamais abandonará.

Em 1831, Frederico, erudito jovem de província, chega a Paris para estudar na Sorbona. Em pouco tempo converte-se num assíduo frequentador dos ambientes intelectuais (entre os quais o salão de Madame Récamier) e começa a colaborar com jornais e revistas. Apesar da sua timidez e do comportamento simples, emergem com clareza tanto a sua profunda humanidade como o seu rigor moral: a sua imensa cultura, as suas opiniões actualizadas e o seu catolicismo empenhado tornam-no rapidamente uma personalidade relevante. Frederico dedica a sua formidável eloquência a moderar os debates sobre religião e política, num círculo literário estudantil chamado «Conferência de história», do qual é porta-voz. Certa tarde, depois de sair vencedor de um debate com um estudante socialista sobre o compromisso social dos católicos, anuncia a um amigo a intenção de realizar finalmente um projecto, que há tempo lhe era muito querido: uma «Conferência de caridade», uma associação de beneficência para a assistência dos pobres, «a fim de pôr em prática o nosso catolicismo».

Desta maneira, em Maio de 1833, com apenas 20 anos, Frederico funda, juntamente com seis companheiros, as Conferências de São Vicente de Paulo: «na época borrascosa em que nos encontramos, escreve ao seu amigo Ferdinand Velay, é bonito assistir à formação, acima de todos os sistemas políticos e filosóficos, de um grupo compacto de homens decididos a usar todos os seus direitos como cidadãos, toda a sua influência, todos os seus estudos profissionais, para honrar o catolicismo em tempos de paz e defendê-lo em tempos de guerra». Nenhum dos seus jovens fundadores podia imaginar o desenvolvimento que alcançaria esta pequena Sociedade benéfica, à qual Frederico se dedicaria, daí por diante, sem jamais poupar esforços.

Doutor em Direito (1836) e depois em Letras (1839), Ozanam inicia uma brilhante carreira universitária que o levará, em 1844, a tornar-se o titular da cátedra de Literatura Estrangeira na Universidade da Sorbona e a viver sem reservas a sua profunda vocação ao magistério.

Em 1841 casa-se com a jovem Amélie Soulacroix. Frederico Ozanam é, portanto, um homem profundamente inserido no seu tempo. Marido e pai, professor e literato, leigo comprometido, vive as diferentes dimensões da sua existência, com a mesma paixão e generosidade: vai pessoalmente aos bairros pobres de Paris e de outras cidades, promove a expansão das Conferências vicentinas no mundo, publica escritos históricos e literários, luta pela liberdade civil, política e religiosa, sofrendo pelos contrastes que dividem o mundo católico em facções políticas opostas, e tendo um coração cheio de ternura para com Amélie e Marie, sua filha. O seu caminho espiritual, sempre atormentado, conhece altos e baixos: Frederico julga não fazer o suficiente, e pede ao Senhor que o ajude a ser melhor, luta contra o orgulho até se esquecer do próprio valor.

Os primeiros sintomas do que seria uma grave infecção renal, confundida com uma enfermidade pulmonar, que o levaria lenta e dolorosamente a uma morte prematura, chegam-lhe de surpresa em 1846. Na tentativa de recuperar a saúde, Frederico passa algum tempo com a família na Itália, e é recebido em audiência por Pio IX. De retorno a Paris, Ozanam continua a dedicar-se, de corpo e alma, ao serviço dos seus alunos, ao jornal «Ere nouvelle», com o qual colaborou na sua fundação, aos pobres e aos trabalhadores.

A revolução de 1848 e o feroz debate no mundo político e católico só tornarão piores as suas condições de saúde. Em 1849, depois de ter sofrido um segundo ataque agudo do mal que o estava minando, Frederico começa a estar consciente do triste pressentimento. As suas actividades continuam de modo frenético. O seu anseio de conhecer e de participar leva-o a ignorar a dor física e, por vezes, até mesmo os conselhos dos médicos. Em Maio de 1853, de novo na Itália por motivo de saúde, a braços com a angústia de em breve ter que deixar os seus entes queridos, os sucessos profissionais e os debates políticos, mas pronto ao sacrifício, dirige-se a Deus: «Senhor, quero o que Tu queres, quero como o queres e por todo o tempo que o quiseres, quero-o porque Tu o queres».

Frederico Ozanam morreu na noite de 8 de Setembro de 1853, em Marselha, rodeado dos seus entes mais queridos, depois de uma agonia longa e dolorosa.

Este é o modelo de apóstolo leigo, erudito, empenhado e dedicado ao serviço dos mais pobres, que a Igreja apresenta a todos os fiéis, mas sobretudo aos jovens, durante a Missa presidida por João Paulo II, no dia 22 de Agosto, em Paris, na qual é beatificado Frederico Ozanam.

Digno de nota é o caso da cura milagrosa de uma criança brasileira, de apenas dezoito meses, afectada de uma grave forma de difteria, que nos primeiros dias de Fevereiro de 1926, em Nova Friburgo (RJ), obteve a graça por intercessão do Servo de Deus Frederico Ozanam. Esta cura foi reconhecida pela Junta médica da Congregação para as Causas dos Santos a 22 de Junho de 1995, e confirmada de modo unânime pelos Consultores teólogos, na reunião de 24 de Novembro do mesmo ano.

“No Dia da Pátria, olhemos os pobres” diz dom Walmor

O arcebispo dom Walmor Oliveira de Azevedo diz que, neste 7 de Setembro, Dia da Pátria, devemos especialmente olhar os pobres. Em homilia neste domingo, na Catedral Cristo Rei, dom Walmor adverte: este olhar não deve ser orientado por perspectivas ideológicas, mas a partir da sensibilidade própria dos discípulos e discípulas de Jesus. E o próprio Mestre orienta seus discípulos a não confiarem simplesmente nas estratégias humanas. É preciso abrir-se à sabedoria que vem de Deus.

Pier Giorgio Frassati, um vicentino que se torna santo

Canonização acontece junto à de Carlo Acutis, em celebração presidida pelo Papa Leão XIV no dia de hoje, 07 de setembro de 2025

Pier Giorgio Frassati foi canonizado 100 anos depois da sua morte, a 4 de julho de 1925.

O novo santo nasceu em Turim a 6 de abril de 1901, “filho de uma das famílias burguesas mais influentes” da cidade italiana.

“A sua profunda fé alimentava-se da Eucaristia diária, da oração e da confissão frequente”, recorda o Vaticano.

Frassati esteve ligado às Conferência Vicentinas e “passava a maior parte do seu tempo livre a visitar famílias pobres, sacrificando o seu dinheiro para ajudar os mais necessitados”.

“De temperamento alegre e expansivo, viveu no ambiente universitário o valor da amizade e da proximidade com todos, sem medo de manifestar a sua fé”, tendo integrado a Juventude Católica e recebido hábito da Ordem Terceira Dominicana.

O Vaticano sublinha que, durante os anos do fascismo, o novo santo “pagou várias vezes com a sua própria pele o seu envolvimento no associacionismo católico e nas fileiras do Partido Popular”.

No final de junho de 1925, apareceram os sintomas da poliomielite fulminante que, em poucos dias, o levaram à perda de apetite e de movimentos.

“Antes de entrar em coma e falecer, recebeu os últimos sacramentos da fé. Muitas pessoas participaram no funeral e na sua última despedida”, conclui o texto.

A sua beatificação foi presidida por São João Paulo II, em 20 de maio de 1990, na Praça de São Pedro; em 2024, o Papa Francisco reconheceu um milagre atribuído à intercessão de Pier Giorgio Frassati, nos Estados Unidos da América.

O cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, destacou ao portal do Vaticano a importância de canonizar Pier Giorgio Frassati (1901-1925) e Carlo Acutis (1991-2006), apresentados como modelos de santidade para as novas gerações.

“Há santos que, como salientava a mística Madeleine Delbrêl, crescem em viveiros porque estão num instituto religioso, são consagrados. Há outros, como Acutis e Frassati, que estiveram no mundo, os santos da rua”, precisou.

Com Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis, a Igreja ganha dois novos santos que falam diretamente ao coração da juventude. Um, vicentino, que transformou a caridade em estilo de vida; outro, digital, que mostrou como a fé pode habitar também o mundo virtual. Ambos, sinais de que a santidade não é um ideal distante, mas um chamado concreto, possível e urgente para todos.

Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati são santos! Os primeiros do pontificado do Papa Leão XIV

Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis /Imagem: IA/ Montagem: Canva

Papa: os santos Frassati e Acutis convidam a não desperdiçar a vida, mas a fazer dela uma obra-prima

“Os santos Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis são um convite dirigido a todos nós – especialmente aos jovens – a não desperdiçar a vida, mas a orientá-la para cima e a fazer dela uma obra-prima”, disse Leão XIV ao presidir sua primeira santa missa com o rito de canonização.

O Santo Padre surpreendeu a todos saudando os cerca de 80 mil fiéis presentes na Praça São Pedro antes do início da cerimônia: “Irmãos e irmãs, hoje é uma belíssima festa para toda a Itália, para toda a Igreja e para todo o mundo. E antes de começar, gostaria de saudá-los e dizer uma palavra, porque, se de um lado a celebração é muito solene, de outro é um dia de muita alegria”. O Papa ficou impressionado com a quantidade de jovens. “É realmente uma bênção”, afirmou. “Nós nos preparamos para esta celebração com a oração, com o coração aberto desejosos de receber esta graça do Senhor, e sentimos todos no coração a mesma coisa que Pier Giorgio e Carlo viveram: este amor por Jesus Cristo, sobretudo na Eucaristia, mas também nos pobres, nos irmãos e irmãs. Todos vocês, todos nós, somos chamados a ser santos.”

A solene celebração eucarística com o rito de canonização teve início com a “Petitio” (Petição), em que o prefeito do Dicastério das Causas dos Santos, card. Marcello Semeraro, acompanhado dos postuladores, pediu ao Santo Padre que inscrevesse os dois beatos no Álbum dos Santos. Na sequência, o cardeal apresentou brevemente as duas biografias e foi entoada a Ladainha dos Santos. Depois, o Pontífice leu a fórmula de canonização, estabelecendo que “em toda a Igreja eles sejam devotamente honrados entre os santos”. Neste momento, foi oferecido o incenso para a veneração das relíquias.

A Santa Missa prosseguiu com a Liturgia da Palavra. Na homilia, o Papa Leão comentou as leituras do dia, cuja mensagem principal é uma advertência a não desperdiçar a vida fora do projeto de Deus, um convite a aderir sem hesitação à aventura que o Senhor nos propõe, despojando-nos de nós mesmos, das coisas e ideias às quais estamos apegados, para nos colocarmos à escuta da sua palavra.

“Muitos jovens, ao longo dos séculos, tiveram de enfrentar esta encruzilhada na vida”, comentou o Pontífice, citando São Francisco de Assis. E como ele, muitos outros. “Às vezes, nós os retratamos como grandes personagens, esquecendo que tudo começou para eles quando, ainda jovens, responderam ‘sim’ a Deus e se entregaram totalmente a Ele, sem guardar nada para si mesmos.”

Reprodução/ Vatican Media

Jovens apaixonados por Jesus

O Papa convidou a olhar para São Pier Giorgio Frassati, um jovem do início do século XX, e São Carlo Acutis, um adolescente dos nossos dias, “ambos apaixonados por Jesus e prontos a dar tudo por Ele”. E discorreu brevemente sobre cada um:

“Pier Giorgio encontrou o Senhor através da escola e dos grupos eclesiais e testemunhou-O com a sua alegria de viver e de ser cristão na oração, na amizade, na caridade. Ainda hoje, a vida de Pier Giorgio representa uma luz para a espiritualidade leiga. Para ele, a fé não era uma devoção privada: impulsionado pela força do Evangelho e pela pertença a associações eclesiais, comprometeu-se generosamente na sociedade, deu o seu contributo à vida política, dedicou-se com ardor ao serviço dos pobres.”

“Carlo, por sua vez, encontrou Jesus na família, graças aos seus pais, Andrea e Antonia – presentes aqui hoje com os dois irmãos, Francesca e Michele –, depois também na escola, e sobretudo nos sacramentos, celebrados na comunidade paroquial. Assim, cresceu integrando naturalmente nas suas jornadas de criança e adolescente a oração, o desporto, o estudo e a caridade.”

Façamos da nossa vida uma obra-prima!

Ambos, Pier Giorgio e Carlo, cultivaram o amor a Deus e aos irmãos através de meios simples, ao alcance de todos: a Santa Missa diária, a oração, especialmente a Adoração Eucarística. Essencial para eles era a Confissão frequente. Ambos, finalmente, tinham uma grande devoção pelos santos e pela Virgem Maria, e praticavam generosamente a caridade. Quando a doença os atingiu e ceifou as suas jovens vidas, nem mesmo isso os impediu de amar, de se oferecerem a Deus, de bendizê-Lo e de orar por si próprios e por todos. 

“Queridos, os santos Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis são um convite dirigido a todos nós – especialmente aos jovens – a não desperdiçar a vida, mas a orientá-la para cima e a fazer dela uma obra-prima. Eles encorajam-nos com as suas palavras: «Não eu, mas Deus», dizia Carlo. E Pier Giorgio: «Se tiveres Deus no centro de todas as tuas ações, então chegarás até ao fim». Esta é a fórmula simples, mas vencedora, da sua santidade. E é também o testemunho que somos chamados a seguir, para saborear a vida até ao fim e ir ao encontro do Senhor na festa do Céu”, concluiu o Pontífice.

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

Rede de Afeto: há cinco anos cuidando de vidas com escuta, empatia e voluntariado

No Dia do Psicólogo conheça mais do programa

Hoje é Dia do Psicólogo, então, parabéns! Parabéns por ter decidido seguir essa profissão tão nobre. É necessário gente como você na vida das pessoas, e não só na forma de psicóloga, mas na forma de uma ouvinte paciente, de alguém em quem se pode confiar! Mas eu não vim só para te parabenizar. Na verdade, isso seria muito pouco; eu vim agradecer. Você me ajudou a ter uma nova perspectiva de vida. Lembra quando eu dizia que parecia distante a ideia de uma vida com mais momentos felizes do que tristes? Pois é, eu enfim cheguei no lugar que antes só parecia um sonho. Sinto-me muito mais grato pelas coisas depois das nossas conversas. Tenho hoje uma visão de olhar para trás apenas em retrospectiva do que me trouxe até aqui. Pode ser que eu não tenha conquistado tantas coisas, mas a forma como enxergo o que tenho hoje me faz sentir muito orgulho de mim mesmo. Passar da pessoa que se odiava e se culpava tanto para ser hoje alguém que se ama, ama os outros e é amado, parece até que são pessoas diferentes. Seus conselhos ainda me vêm à mente. Por mais que eu seja muito esquecido, de algumas palavras eu ainda me lembro. Obrigado pelo caminho que você me ensinou a enxergar, por poder andar com as próprias pernas e saber que eu tenho bagagem para, quando as coisas apertarem, saber como lidar. Minha mente anda mais tranquila, consegui calar a voz que me puxava para o buraco. Isso tudo graças a você, que teve paciência de entender a minha mente e dizer as palavras que eu precisava ouvir. Novamente, muitíssimo obrigado!”

Esse é o depoimento de um dos pacientes a um dos profissionais da Rede de Afeto – Um projeto da SSVP que nasceu em meio à dor e à incerteza da pandemia da Covid-19, mas que se transformou em um farol de acolhimento, escuta e esperança para milhares de pessoas.

Criada em junho de 2020, no auge da pandemia da COVID-19, a Rede de Afeto surgiu com o objetivo de oferecer amparo psicológico a vicentinos, colaboradores e assistidos das Obras Unidas, em um momento em que o sofrimento emocional era quase tão devastador quanto o vírus. Em quatro meses, diante da imensa necessidade, o projeto se expandiu. O que era inicialmente voltado aos vicentinos passou a acolher com o mesmo carinho pessoas de todo o Brasil — sem distinções, sem barreiras, com amor gratuito.

“Acreditávamos que dentro de um ano tudo estaria normalizado, o que não aconteceu. Mas já tínhamos uma ideia do impacto na saúde mental das pessoas. Daí, começaram a chegar demandas de familiares e amigos de vicentinos. Começamos com cinco sessões de atendimento e logo elas já não eram suficientes, começaram a se formar as filas de espera e, consequentemente, nossas angústias para aumentar o projeto”, lembra a psicóloga Adriana Santana, da equipe gestora-responsável por receber e encaminhar as demandas da Rede de Afeto.

Cinco anos se passaram. A Rede cresceu, amadureceu e permanece viva. Mais forte, mais estruturada, mais sensível. E, acima de tudo, mais próxima de cada história que chega em busca de ajuda. O projeto começou com 10 profissionais vicentinos atendendo e logo psicólogos não vicentinos que ouviram falar da Rede se encantavam e nos procuravam com o desejo de fazer parte. “Hoje somos 60 psicólogos voluntários prestando esse serviço de grande relevância para a sociedade de modo geral”, conta.

A Rede de Afeto leva a sério seu lema “Gente cuidando de gente”. Os atendimentos são oferecidos gratuitamente e com profundo compromisso ético e técnico. A maior parte dos atendimentos é feita com jovens, adultos e idosos. A maioria são mulheres, mas há também um número crescente de homens que vêm buscando esse espaço de cuidado emocional. As principais queixas são relacionadas à ansiedade, depressão, luto e ideação suicida — dores invisíveis que encontram na Rede um lugar seguro para ser acolhidas. “Quando o paciente necessita de atendimento multiprofissional, buscamos, dentro das nossas possibilidades, identificar o serviço de saúde mais próximo do seu território e encaminhá-lo”, explica.

A Rede de Afeto já realizou mais de mil atendimentos individuais on-line desde sua fundação, em 6 de junho de 2020. Só em 2025, até o momento, foram 180 acolhimentos, com uma média de 26 pessoas atendidas por mês. O número de sessões por paciente também dobrou: passou de cinco para dez, com possibilidade de continuidade, de acordo com a avaliação profissional de cada caso. Hoje são 33 pessoas na fila de espera.

Os frutos da Rede são visíveis nos testemunhos tocantes de quem foi acolhido e teve sua vida tocada e modificada pelos atendimentos dos psicólogos. Um deles, você leu no início deste texto. Mas são vários os exemplos (a pedido de seus autores, dada à delicadeza dos tratamentos, mantivemos o anonimato nos dois depoimentos).

Salvando VIDAS: “Gostaria de agradecer imensamente à Rede de Afeto pelo apoio que me disponibilizaram através da psicóloga Dra. Judite. Tivemos, ao longo de um determinado período, diálogos que me fizeram rever sentimentos, atitudes e até mesmo a forma como eu me via perante a sociedade. A cada sessão, ela me mostrou o quanto o meu EU era importante, quão valiosa era minha vida e, principalmente, o VALOR de ser quem eu sou para mim e não para os outros. Pude, então, com esses bate-papos (era assim que eu via nossas sessões), remodelar todo o meu sentimento, enfrentar meus medos, ressignificar minhas perdas e, por fim, VALORIZAR minha vida e o meu EU. Continuem com esse projeto de grande importância, pois esse dom da vida que Deus nos deu, mesmo diante das dificuldades que enfrentamos, só Ele pode nos tirar. Um grande abraço a todos dessa instituição, em especial à Adriana, por ter compreendido minha necessidade de ajuda naquele momento, e à Dra. Judite, por ter me apoiado e abraçado com muito afeto e atenção.”

Esse compromisso sério e amoroso com a saúde mental das pessoas ultrapassou fronteiras e a seriedade do trabalho da Rede gerou reconhecimento internacional: em novembro de 2024, a Rede de Afeto foi citada no documento final do Simpósio Internacional da Família Vicentina, realizado em Roma, como exemplo de prática inspiradora que promove a valorização integral do ser humano.

Cuidar de quem cuida

A Rede de Afeto também cuida de quem doa tanto: seus voluntários. A cada dois meses, os psicólogos se reúnem on-line para discutir casos, refletir sobre temas importantes e trocar experiências. E, uma vez por ano, todos se encontram presencialmente, em um momento de formação, partilha e confraternização — uma verdadeira celebração da missão. O próximo acontecerá entre 29 e 31 de agosto, no Rio de Janeiro, com o tema: “Rede de Afeto… uma rede de esperança, uma rede de confiança do coração”.

2º Encontro realizado em 2022

Escrito por Marina Prado
ssvp.brasil.org.br